FALAR SAÚDE Nº 8: A pastilha elástica na saúde

Prof. Isabel Cristina
01/02/2011

Hábito instalado na generalidade dos nossos alunos, mascar pastilha elástica gera nos professores uma preocupação acrescida no funcionamento da sala de aula.

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Rubrica GOVCIC 02 de Março de 20
 

 

  Rubrica
Falar Saúde
1 de Fevereiro de 2011

 

 

 

 

 


“Chiclete (prova)
Chiclete (mastiga)
Chiclete (deita fora)
Chiclete (sem demora)”

Taxi, 1981


Falar Saúde Nº 8
A pastilha elástica na saúde

Hábito instalado na generalidade dos nossos alunos, mascar pastilha elástica gera nos professores uma preocupação acrescida no funcionamento da sala de aula.

Quantas vezes nos sentimos irritados com as mulheres e os homens de amanhã, que insistem em comunicar como se estivessem com a boca cheia de comida? Como lhes fazemos ver que, para além de desagradável, não percebemos patavina do que nos querem dizer? Como se sentiriam eles se um professor fizesse o mesmo e lhes explicasse a matéria como se tivesse um defeito na fala?

Bolas, perdigotos e a sensação que o maxilar vai saltar fora a qualquer momento, são algumas das situações incómodas com que a pastilha elástica, vulgo “chiclete”, nos tem confrontado, mas faltas de educação à parte, será que a pastilha elástica nos traz benefícios?

Comecemos por conhecer um pouco mais, sobre esta companheira milenar, com uma breve cronologia da sua história:

  • 1000 d.C. – O povo Maia da região sul do México, mascava uma espécie de goma formada a partir de resina seca de uma árvore, a Sapota;

  • 1519 – Conquista do Império Asteca pelos espanhóis, os quais adoptaram o costume de mascar a goma a que chamaram “chicle”;

  • 1869 - Um célebre general mexicano chamado António Lopes de Santa Anna, decidiu visitar Nova Iorque, levando com ele 250 kg de resina da tal árvore que ele gostava de mascar e com ela fazer fortuna. Foi nesta altura que Thomas Adams viu uma rapariga numa farmácia a mascar cera o que o fez lembrar o costume do general mexicano de mascar goma. Então, resolveu negociar com o farmacêutico, propondo-lhe que ele vendesse a goma, pois tinha a certeza que era melhor do que a cera. O farmacêutico vendeu e foi um sucesso. Thomas Adams investiu dinheiro, importou mais stock e constituiu uma fábrica (The Adams New York Chewing Gum Company);

  • 1871 – Adams patenteou a primeira máquina de produzir “chiclets”;

  • Sec. XX – Mais pessoas começaram a fazer "chicletes" com aromas como a hortelã. As "chicletes" chegaram à Europa através dos soldados americanos que vieram combater na 2ª Guerra Mundial. Eles davam-nas às crianças europeias, que devido à guerra não tinham doces. Um dos soldados, após a guerra ter terminado, voltou e fundou em França uma fábrica de "chicletes" com sabor a clorofila (Hollywood Chewing Gum). Desde então, com o aumento do seu consumo, os fabricantes tiveram de procurar novos produtos que substituíssem as resinas naturais. Surgiram novos tipos (sem açúcar, com novas cores, novos sabores, novos formatos, etc.) e novas marcas de pastilhas, como é o caso da Trident (1962).

Voltando à questão sobre o valor da pastilha elástica, aqui ficam algumas reflexões que espero possam esclarecer todos aqueles que tenham de lidar com a tão famosa “chiclete”.

  • As pastilhas elásticas provocam cárie
    Mito. O açúcar presente na pastilha elástica é o grande causador das cáries. Por isso, as pastilhas sem açúcar podem ficar de fora dessa lista. Contudo, há que ter em conta que alguns corantes e conservantes da composição das pastilhas podem ser feitos à base de amido e outros carboidratos, que se transformam em açúcar, sendo, por isso, nocivos aos dentes. Outra questão ainda tem a ver com o facto de algumas pastilhas elásticas, dependendo da sua composição, poderem deixar o pH da boca muito ácido, o que também pode provocar cáries.

  • A pastilha elástica ajuda a clarear os dentes
    Mito. Mesmo as versões que prometem esse benefício contêm concentrações muito baixas de peróxido (substância branqueadora) para proporcionar o branqueamento dentário. Além de que o peróxido não pode ser usado em altas concentrações na pastilha, dado ser um produto tóxico.

  • A pastilha elástica é prejudicial para a dieta
    Mito. A pastilha elástica não é muito calórica e até tem a vantagem de ajuda a enganar a fome, enquanto se masca. No entanto, há que saber diferenciar as pastilhas elásticas – as que têm recheio devem efectivamente ser evitadas, pois são mais calóricas que as comuns (cada uma tem, em média, 15 calorias, sendo que a pastilha elástica sem açúcar, por seu lado, tem somente 2,5 calorias por unidade).

  • A pastilha elástica pode causar dores de estômago
    Verdade. Uma pessoa que masque constantemente pastilha elástica, passando muitas horas sem comer, estimula a produção do suco gástrico, que contém ácido clorídrico. Esta substância irá agir directamente nas paredes do estômago, podendo causar dores.

  • A pastilha elástica atenua o mau hálito
    Verdade. Com a limpeza superficial que a pastilha proporciona, o hálito é favorecido já que há a renovação das células da boca. Mas esta é uma acção momentânea e não se aplica a todos. Por exemplo, quem tem problemas orais, como periodontite, cáries ou uma restauração danificada, pode ficar com o mau hálito acentuado ao mascar pastilha.

  • A pastilha elástica pode ser benéfica para a higiene oral
    Verdade. O acto de mascar e a fricção da pastilha nos dentes proporcionam uma limpeza superficial dos mesmos. Quanto mais espessa for a pastilha, melhor será o resultado. Mas nunca devemos esquecer que a pastilha elástica não substitui de forma alguma a escova e o fio dental, nem remove a placa bacteriana ou previne a sua formação.

  • Mastigar pastilha elástica aumenta a concentração
    Verdade. Foi o que concluíram investigadores britânicos a partir de uma experiência. Testaram três grupos de 25 voluntários para perceber o número de palavras ou algarismos que conseguiam fixar. Com e sem pastilha elástica na boca. Resultado, as pessoas com pastilha tiveram melhores resultados. O segundo melhor grupo foi o que se comportou como se estivesse a mastigar. Os que ficaram com os maxilares quietos decoraram menos. A explicação parece simples, o movimento de mastigação faz circular mais sangue nos músculos da boca, o coração bate mais depressa e o cérebro recebe mais oxigénio e nutrientes. Ao mesmo tempo, o pâncreas produz insulina para desfazer os açúcares, dando energia extra à zona do cérebro responsável pela memorização.

  • É perigoso engolir chicletes
    Verdade. É muito perigoso engolir chicletes, principalmente para as crianças, que podem ter um problema de prisão de ventre ou até mesmo um distúrbio respiratório. A “chiclete”, quando engolida, pode formar uma bola no intestino, e impedir a saída das fezes. Ela pode ainda alojar-se no esófago e, assim, prejudicar a respiração. Mas isto pode ocorrer com mais frequência com as crianças que se habituaram a engolir “chicletes”, não com as que o fazem ocasionalmente.

Prof. Isabel Cristina

 

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