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“Às Artes, Cidadãos!”
Visita ao Museu de Serralves
Por estes dias quem for ao Museu de Serralves é confrontado, logo no átrio à
chegada, ainda antes da entrada nas salas de exposições principais, com cartazes
e imagens de cariz político e, sobretudo, por um grande painel vermelho que
refere “seja marginal, seja herói”. Passada a porta de acesso para a exposição,
espera-nos uma imagem-choque, violência, imagem acompanhada por uma série de
naifas, ordenadas e elevadas, como se estes objectos de guerra e barbaridade
extrema pudessem ter direito a papel de destaque.
Serralves não nos engana, é logo perceptível, à entrada, o título da exposição
que está no museu até Março de 2010: “Às Artes, Cidadãos!”, em tom de slogan
activista, onde a política é um dos temas centrais das obras presentes. É uma
exposição de intersecção da arte com a política, abordando questões tais como a
democracia, o activismo, a cidadania, a memória, a imigração, as ideologias, a
revolução, a utopia, a iconoclastia, a crise, a sexualidade, o ambiente ou a
globalização, entre outras. A exposição apresenta obras produzidas por artistas
nascidos a partir de 1961, ano da construção do Muro de Berlim, símbolo da
divisão ideológica que marca a segunda metade do século XX.
Esta visita de estudo, inserida nos conteúdos programáticos da disciplina de
Património e Museus, permitiu, aos alunos do Curso de Património e Turismo,
conhecer um dos museus de arte contemporânea mais importantes de Portugal e da
Europa, cujos motivos de interesse se estendem para além do museu em si. A
envolver o museu, projectado por Siza Vieira, temos o parque de Serralves, com
jardins e recantos luxuriantes e imponentes, onde se destacam os dois jardins
principais, um mais moderno e minimalista, frente à casa de Serralves, e um
segundo tipicamente romântico, permitindo perceber diferentes dinâmicas da
arquitectura paisagista.
O serviço educativo é um dos serviços mais representativos da relação que os
museus procuram estabelecer para com a sociedade, sendo orientados para o
público escolar. Com a participação na oficina de artes “Fábrica de Sons”, os
alunos puderam ver como se desenvolve uma actividade educativa e perspectivar
sobre o trabalho nesta área. Nesta oficina criativa, uma espécie de fábrica de
experiências sonoras, procurou-se recriar paisagens audíveis com recurso a
instrumentos do quotidiano e a máquinas variadas, às quais se procurou atribuir
uma dimensão visual para o conteúdo sonoro.
Sérgio Pereira
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