| |
 |
| |
Rubrica
Falar Saúde
15 de Novembro de 2010 |
|
Lamentavelmente, os bons hábitos são muito mais fáceis de serem
abandonados do que os maus.
William Maugham
Retomar hábitos antigos
(Higiene II)
Já chegaram os primeiros dias de frio e com eles a chuva, a roupa
aconchegante, as depressões e as doenças respiratórias, como as
constipações e as gripes. De facto, a gripe volta a ser uma preocupação
nesta altura do ano, devido à diminuição da temperatura e ao aumento da
humidade, dado que Portugal é um país de clima temperado. Estudos
americanos mostram que estes dois factores facilitam a disseminação
aérea do vírus Influenza e, como tal, o Outono e o Inverno podem
trazer-nos a garganta inflamada e a tosse, o nariz entupido, as dores de
cabeça e musculares, os arrepios e, com maior preocupação, a febre
elevada que nos impede de sair de casa e cumprir as nossas rotinas.
Não obstante a temperatura e a humidade, existem outros factores
potenciadores da disseminação do vírus da gripe, como é o caso da
higiene que vou aqui destacar. O nariz, a garganta, as mãos e as unhas,
são locais do organismo humano, por excelência, a ter em conta quando
nos queremos proteger de ameaças várias, porque são locais de entrada ou
porque estão em contacto com esses locais de entrada. Desde bactérias a
fungos, de protozoários a vírus, os microrganismos patogénicos (que
causam doença) estão por todo lado, incluindo o nosso corpo, daí que
seja tão importante a higiene pessoal.
Nariz e garganta
O nariz e a garganta são componentes das vias respiratórias, sendo o
nariz o primeiro local por onde o ar passa até alcançar os pulmões. Este
órgão é responsável pela limpeza, humidificação e aquecimento do ar
inspirado, através da presença de cílios e vasos sanguíneos, bem como da
produção de muco. O nariz, tal como a garganta, possui ainda um complexo
mecanismo de defesa, o qual, ao entrar em contacto com alguma substância
tóxica, desencadeia uma resposta que impedirá esta substância de
alcançar os pulmões. Claro que se este mecanismo fosse completamente
eficaz dificilmente ficaríamos doentes!
Sendo assim, a higiene nasal assume um papel importante na prevenção de
doenças respiratórias. Devemos assoar o nariz com regularidade,
nomeadamente em épocas de produção exagerada de muco, e lavar todos os
dias com uma solução adequada. O soro fisiológico e a água do mar
esterilizada, à venda nas farmácias e parafarmácias, são as mais
aconselhadas, até para os bebés cuja sensibilidade é significativa. A
maneira mais simples é esguichar a solução, em cada narina, quantas
vezes forem necessárias até que se sinta a desobstrução e, em seguida,
assoar o nariz suavemente. Este gesto será suficiente para prevenir a
desidratação e contaminação da cavidade nasal.
Quanto à higiene da garganta, esta começa com uma boa hidratação. Beber
bastante água, evitando as grandes variações de temperatura (água gelada
ou chá muito quente, por exemplo), e comer fruta, evitar o tabaco e o
álcool e, ainda, evitar falar muito alto ou durante muito tempo, são
formas de prevenir a desidratação e, consequentemente, infecções de
garganta. Tal como já foi referido para o nariz, também o muco da
garganta pode ser expelido para um lenço de papel, na falta de um
sanitário nas proximidades. Perdeu-se o hábito das pessoas trazerem
consigo um lenço de pano, mas não podemos esquecer o famoso lenço de
papel, por sinal mais higiénico. Não tendo lenços, folhas dobradas de
papel higiénico, ou mesmo guardanapos de papel, podem ser transportados
no bolso, para as emergências. O que devemos sempre é evitar cuspir para
o chão ou para a louça sanitária, sem possibilidade de limpeza em
seguida. Não só revela falta de higiene, como falta de educação.
Mãos e unhas
Quem é que ainda não sabe o quanto é importante manter as mãos e as
unhas limpas? O pânico de uma epidemia de gripe A, no ano transacto,
relançou mais um velho hábito: lavar as mãos frequentemente. De facto,
lavar as mãos deve fazer parte da rotina de todos, ajudando a reduzir a
propagação de microrganismos patogénicos. É uma forma de nos protegermos
a nós e a quem nos rodeia.
Sendo assim, devemos lavar as mãos correctamente (instruções em
www.portaldasaude.pt), de preferência com água e sabão e durante cerca
de 60 segundos, o mesmo tempo que levamos a cantar "Parabéns a você"
duas vezes seguidas:
-
antes de comer ou manusear os alimentos;
-
após ter utilizado a casa-de-banho;
-
após assoar o nariz, tossir ou espirrar;
-
após tocar em animais ou nos seus dejectos;
-
após manusear resíduos;
-
antes e após tocar em doentes ou feridas.
No que respeita às unhas, estas devem manter-se limpas e curtas, devemos
mesmo escová-las quando lavamos as mãos. Não as roer, uma vez que este
hábito pode favorecer o crescimento irregular das mesmas, para além de
criar um ambiente húmido o que favorece o ataque fúngico. E, por fim,
não esquecer que alterações do aspecto das unhas podem indicar um
problema de saúde, pelo que devemos procurar um dermatologista.
Prof. Isabel Cristina
|