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Rubrica
Falar Saúde
1 de Novembro de 2010 |
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A educação é a higiene do espírito, assim como a higiene é uma verdadeira educação do corpo.
Paolo Mantegazza
Uma questão de odores
(Higiene I)
“Uma questão de odores” é o primeiro de um conjunto de quatro artigos
dedicados à higiene corporal. Desta vez o desafio partiu de alunos e
colegas para que abordasse um dos temas, talvez mais badalados na saúde,
mas que ainda assim não é, infelizmente, norma no dia-a-dia de todas as
pessoas. Mas afinal o que se entende por higiene?
A higiene define-se como “o conjunto de meios e regras que procuram
garantir o bem-estar físico e mental, prevenindo a doença” (www.infopedia.pt)
e, neste sentido, abrange várias áreas da saúde, o que me levou a fazer
uma selecção de temas que aposta, como sempre, nas preocupações/dúvidas
dos nossos alunos.
Vamos então falar de maus odores, as suas causas e possíveis soluções
para acabar com o problema. Não é difícil imaginar quais os locais do
organismo que nos vêm logo à mente, quando pensamos em cheiros
desagradáveis, pois não?! São esses mesmos que vamos “visitar”.
O odor corporal pode afectar o relacionamento social, como é o caso do
cheiro de suor e do mau hálito, ou pode afectar apenas o relacionamento
entre duas pessoas, como é o caso dos odores nas partes íntimas. Além de
fundamental para o intercâmbio social, a higiene do corpo também é
importante para a saúde. Inúmeras doenças, principalmente da pele, como
as dermatoses (ex. Micoses), decorrem de falta de higiene. Manter o
corpo asseado e as roupas limpas, é um imperativo para qualquer ser
humano.
A transpiração (sudorese) é uma defesa natural do organismo contra o
calor, graças ao papel termorregulador da água. Para além de manter a
temperatura do corpo estável, a transpiração também tem a tarefa de
eliminar toxinas. Por isso, por mais desagradável que possa parecer,
suar é preciso. O pior é que geralmente o suor é acompanhado de um odor
desagradável (bromidrose), devido à actuação das bactérias naturalmente
presentes nas regiões de actuação das glândulas sudoríparas, em especial
nas axilas e nos pés. Nestes últimos, a pele pode mesmo descamar ou
apresentar um aspecto esbranquiçado, quando se instalam também os fungos
causadores de micoses (pé-de-atleta) e, consequentemente, de maus
cheiros.
Para evitar a bromidrose, os especialistas recomendam:
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Mantermo-nos limpos. No banho diário, lavar os locais afectados,
ensaboando bem e dando preferência a sabonetes anti-sépticos. A
depilação das axilas também facilita a higiene nesta região;
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Evitar deixar a pele húmida por muito tempo. Secar bem a pele após o
banho, especialmente entre os dedos dos pés;
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Aplicar um desodorizante. É importante distinguir aqui desodorizante
de antitranspirante. Os desodorizantes anti-sépticos têm a função de
neutralizar as bactérias responsáveis pelo odor desagradável. Podem ser
usados diariamente, sem problemas, porque não limitam a transpiração. Os
mais indicados são os desprovidos de perfume e os hipoalergénicos. Já os
antitranspirantes são produtos químicos que contém elementos como, sais
de alumínio, capazes de contrair os poros e diminuir a produção das
glândulas sudoríparas. Apesar destes produtos não impedirem
completamente a transpiração, é necessário cautela na sua utilização.
São indicados em casos de hiperidrose (suor excessivo);
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Trocar diariamente a roupa interior e evitar o uso de tecidos
sintéticos, dando preferência ao algodão. As roupas retêm o calor do
corpo e, por isso, favorecem o suor e a consequente produção de resíduos
bacteriológicos que geram o mau cheiro. No entanto, o odor pode provir
da própria roupa, e não do suor. Alguns tecidos sintéticos, como a licra
dos tops, ficam mal cheirosos quando aquecidos pelo calor do corpo.
Também a roupa que é lavada, mas que não foi bem enxaguada ou que demora
a secar, principalmente na época de chuva, adquire um odor desagradável;
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Manter o calçado limpo e ventilado. O calçado deve ser de boa
qualidade, não utilizar o mesmo par de sapatos dois dias seguidos e,
sempre que possível, optar por calçado aberto;
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Ter cuidado com a alimentação. O que a pessoa come pode provocar maus
cheiros. Certos componentes dos alimentos, como o alho, a cebola ou a
cerveja, podem ser eliminados através do suor dando-lhe um odor
característico.
Quanto ao mau hálito (halitose), são apontadas causas variadas para a
sua ocorrência. É atribuído a refluxos do estômago que alcançam a
garganta, à inflamação das gengivas, à simples presença de alimentos
envelhecidos retidos entre os dentes, à cárie dentária e também as
amígdalas que, em alguns casos, têm uma estrutura que facilita a
retenção de resíduos e, neste caso, o único modo de eliminar o mau
hálito definitivamente é através da cirurgia. Devemos sempre recorrer a
profissionais de saúde para encontrar a possível causa do problema e
independentemente da causa é imperativo manter uma higiene oral adequada
que implique escovar os dentes e a língua, massajar as gengivas,
utilizar fio dentário e colutórios
Prof. Isabel Cristina
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