“Can education make reparations? - Yes, by preparing attitudes.”: Semana da Mobilidade na Alemanha sob o Mote “Juntos na Diversidade e Inclusão”

A Equipa de Mobilidade Erasmus +
05/12/2025

De 22 a 29 de novembro, um grupo de alunos e professores do Colégio Internato dos Carvalhos participaram no Projeto Erasmus na semana da mobilidade na Alemanha com a temática “Juntos na Diversidade e Inclusão”.

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A emoção e a alegria do reencontro com a equipa que recebemos em setembro foram visíveis na forma como fomos acolhidos pelas famílias e colegas que connosco partilharam a semana. Mostraram-nos onde e como viviam, o que comiam, como estudavam ou ensinavam, como se divertiam. E assim, começava a experiência “Juntos na Diversidade e Inclusão”.


O segundo dia começou com o encontro entre as 4 escolas participantes nesta edição, para as habituais atividades de quebra-gelo, apresentação do programa e mensagem de boas-vindas da equipa de professores da escola anfitriã Gymnasium Adolfinum. De seguida, realizou-se um passeio pela encantadora cidade de Bückeburg, que culminou com a receção pelo Presidente da Câmara e a subida à torre para vista panorâmica da pequena cidade da Baixa Saxónia, que já foi a capital do minúsculo principado de Schaumburg-Lippe e que hoje é parte do distrito de Schaumburg nas encostas norte das montanhas Weserbergland. Percebemos que havia uma ligação histórica entre o Condado de Schaumburg-Lippe e Portugal porque, em 1762, o Marquês de Pombal chamou o Conde William de Schaumburg-Lippe para defender Portugal contra uma invasão espanhola. O conde organizou o exército português, liderou tropas aliadas, e a sua campanha defensiva de sucesso resultou na salvação da independência de Portugal na chamada "Guerra Fantástica". Em sua homenagem, existe o Forte da Graça em Elvas, cidade geminada, que foi renomeado "Forte Conde de Lippe", uma homenagem à sua colaboração com o reino.


Ao terceiro dia, aconteceu a visita a Berlim. Duas horas de distância de comboio separava-nos de uma das maiores cidades europeias que, a cada passo da calçada, nos lembra a divisão de um povo que simbolizava a divisão de um mundo. A visita guiada por Berlim levou-nos, em primeiro lugar, ao edifício do Band des Bundes, complexo arquitetónico carregado de simbolismo, que ladeia o rio Spree e que se estende por uma faixa retangular de 1,3 km por 200 metros. Edifícios construídos em vidro em homenagem à transparência, um dos principais valores da Democracia, ligam os dois lados de Berlim, outrora separados, e agora dedicados aos serviços da Chancelaria Federal e do Bundestag. A cada passo, tropeçávamos em pequenas placas que nos lembravam que, outrora, como hoje, há muros contra a diversidade e a inclusão.


A visita conduzia-nos a um campo ondulante de 2711 blocos de cimento de diferentes alturas, que variam de 0,2 a 4,7 metros, memorial às vítimas judias do Holocausto, projetado pelo arquiteto Peter Eisenman, com um “design” que pretende criar uma sensação de desorientação e isolamento, assim provocando mais uma reflexão sobre a vastidão e o peso do genocídio. Pela cidade, espalham-se outros memoriais dedicados aos outros grupos-alvo das hediondas pretensões de Hitler. O próximo passo conduziu-nos ao Portão de Brandemburgo que, ao longo da sua existência, foi frequentemente palco de grandes eventos históricos. Após a Segunda Guerra Mundial e durante a Guerra Fria, até à queda do muro em 1989, estava bloqueado pelo Muro de Berlim, simbolizando divisão da cidade. Desde a Reunificação da Alemanha em 1990, é considerado não apenas símbolo das histórias tumultuadas da Alemanha e da Europa, mas também da unidade e da paz europeias. Foi o local escolhido para a fotografia oficial desta semana. Para terminar esse dia, subiu-se à cúpula de vidro do Reichstag, construída no topo do edifício reformado do Reichstag em Berlim. Foi projetado pelo arquiteto Norman Foster e construído para simbolizar a reunificação da Alemanha. Através dela, é possível observar toda a cidade de Berlim. Foi um dia cheio de História(s) compreendida(s) no local onde começou um dos piores períodos da história europeia e mundial.


O quarto dia iniciou de alvorada na escola anfitriã para os trabalhos preparatórios da visita ao campo de concentração de Bergen-Belsen, seguidos de uma longa caminhada até às minas de Kleinenbremen. Durante duas horas, a 80 metros abaixo da terra, percebemos a importância da atividade mineira para a indústria de guerra alemã. A expressão “Arbeit macht frei” (“O trabalho liberta”), normalmente colocada à entrada dos vários campos de extermínio do regime nazi durante a Segunda Guerra Mundial, ganhou uma nova interpretação, porque conseguimos visualizar a importância do trabalho dos prisioneiros de guerra, realizado em condições inumanas.


No quinto dia, Bergen-Belsen aguardava-nos para umas horas dedicadas à memória dos cerca 20 000 prisioneiros soviéticos e 50 000 outros presos (judeus, comunistas, homossexuais e outros) que aí foram mortos entre 1941 e 1945. Como grande parte de Bergen-Belsen foi destruída após a libertação, com receio das consequências da epidemia de tifo, o espaço é predominantemente simbólico, contemplativo e reflexivo e de silêncio, acordando-se com a visita ao Museu onde somos confrontados com as imagens, objetos ou outros documentos que denunciam o que ali se viveu. A Anne Frank dedicámos a nossa particular homenagem. Vivemos, ainda, mais uma experiência sensorial, a entrada num dos vagões que transportavam os prisioneiros de guerra para, aí, ouvirmos a leitura de um texto escrito por um dos sobreviventes.


O último dia de trabalho foi passado na escola para responder a estas duas questões: “Why is remembering the Holocaust essential for building a peaceful and inclusive society today?; How can individuals contribute to peace and human rigthts in their daily lives?” As respostas dos alunos portugueses remeteram para a necessidade de combater as “fake news” que promovem o negacionismo, de promover, na escola e na família, a cultura da diversidade e inclusão para combater o discurso de ódio e de “desempatia” e de substituir o legado dos sobreviventes perpetuando os seus depoimentos. Para finalizar os trabalhos, tivemos o privilégio de visitar um dos mais belos mercados de Natal da Europa no castelo de Bückeburg.


Ao sexto dia, chegou a vez da partida emocionada e sentida de quem tem de se despedir de novos amigos com quem partilhámos muitos Km, alguns a pé, muita diversão na neve, que não temos, no “bowling”, no parque aquático, no “Laser Tag”, na patinagem, nas visitas privadas a outros locais como Hamburgo ou Hanover, nas refeições partilhadas em conjunto, nos jogos em família e nos pratos portugueses preparados para os anfitriões, nos banhos de água fria, nos pequenos-almoços partilhados, nos jantares divertidos e nas horas de partilha de conhecimentos, realidades, experiências e diferentes perspetivas de pensar e ver o mundo, que tanto nos enriquecem enquanto pessoas.


“Enriching lives, opening minds”!



Commanderij College Macropedius

Colegio San Antonio Maria Claret
Gymnasium Adolfinum Bueckeburg

 

Professores Luís Leites e Maria José Queirós com
Maria Inês, Leonor, Beatriz, Francisca, Lucia, Lara, Ema, Joana S., Joana e Inês


 

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