Falar Saúde n.º 134
Dorme bem, vive melhor

Prof.ª Isabel Cristina
18/11/2025

Duas vezes por ano, os ponteiros do relógio mudam de lugar: ora adiantamos, ora atrasamos uma hora.

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“Não há dor que o sono não consiga vencer. ”
(Honoré de Balzac)

 

A mudança da hora foi criada para aproveitar melhor a luz solar e poupar energia. A ideia surgiu no início do século XX, durante a Primeira Guerra Mundial, quando vários países decidiram adiantar o relógio no verão para reduzir o consumo de eletricidade nas horas noturnas. Assim, os dias pareciam “mais longos”, e as pessoas podiam realizar mais atividades com luz natural. Atualmente, a utilidade desta medida é debatida: os ganhos energéticos são menores do que no passado, e alguns especialistas alertam para os efeitos negativos nas rotinas e na saúde do sono. Ainda assim, a mudança da hora continua a ser adotada em muitos países, incluindo Portugal e grande parte da Europa.


Parece uma simples formalidade, mas esta pequena alteração pode mexer bastante com o nosso bem-estar, especialmente com o sono, um dos pilares mais importantes da saúde.


Dormir é muito mais do que descansar. É durante o sono que o nosso corpo recupera energias, o cérebro organiza o que aprendemos ao longo do dia e o sistema imunitário se fortalece. Por isso, tanto para estudantes como para professores, ter boas noites de sono é essencial para aprender, concentrar-se e manter o bom humor.


Os especialistas recomendam que os adolescentes durmam entre 8 e 10 horas por noite, enquanto os adultos precisam, em média, de 7 a 9 horas. Noentanto, com o ritmo acelerado das aulas, das tarefas e das tecnologias, muitas vezes o sono acaba em segundo plano e o cansaço acumula-se.


A mudança da hora interfere no nosso relógio biológico, também chamado de ritmo circadiano, que regula o momento de dormir e de acordar. Assim, quando o horário muda, o corpo precisa de alguns dias para se adaptar. É por isso que, logo após a transição, podemos sentir mais sono, menor concentração, irritabilidade ou até alterações no apetite.


No caso dos mais novos, essa adaptação pode ser ainda mais difícil, afetando o rendimento escolar e o humor. Por exemplo, um estudo com mais de 54 000 estudantes adolescentes, na China, revelou que dormir cerca de 8 horas nas noites de escola foi o valor mais fortemente associado a melhor desempenho escolar, especialmente em Matemática e Ciências.


Deixo-vos com algumas pequenas estratégias que podem ajudar a alcançar um sono mais salutar:

 

  • ir para a cama e acordar um pouco mais cedo, ou mais tarde (dependendo da mudança), nos dias anteriores à alteração da hora;

  • evitar ecrãs luminosos antes de dormir, pois a luz azul dos telemóveis e computadores confunde o cérebro e atrasa a produção de melatonina, a “hormona do sono”;

  • criar uma rotina de sono estável, com horários regulares, ambiente tranquilo e pouca luz;

  • fazer refeições leves à noite e praticar alguma atividade física durante o dia.


Mais do que ajustar os relógios, é importante ajustar o corpo e a mente. O sono é uma parte essencial do sucesso escolar e da saúde de toda a comunidade educativa. Afinal, quem dorme bem aprende melhor, vive melhor e enfrenta o dia com mais energia e boa disposição.



Prof.ª Isabel Cristina

 

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