Passeio-Convívio do(a)s Colaboradore(a)s do CIC a Seide – Trilho da Cangosta do Estevão e Casa-museu de Camilo

CIC
10/07/2025

No dia 8 de julho de 2025, pelas nove horas, o(a)s Colaboradore(a)s do Colégio Internato dos Carvalhos (CIC), Docentes e Não-docentes, que se inscreveram no passeio-convívio e compareceram, entraram no autocarro rumo a S. Miguel de Seide (Vila Nova de Famalicão) onde iriam realizar uma caminhada – o Trilho da Cangosta do Estevão –, um almoço partilhado na modalidade de piquenique e uma visita guiada à Casa-museu de Camilo Castelo Branco, escritor português do século XIX (1825-1890), cujo bicentenário do nascimento se está a comemorar.

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A viagem decorreu bem, com gáudio latente e expectante, pelo que, pelas dez horas, se chegou a Landim, junto do Mosteiro de Santa Maria, já com um dia soalheiro e com temperatura estival retemperada por uma brisa refrescante. Aí, esperava, surpreendentemente, todos os participantes o guia do Serviço Educativo da Casa-museu de Camilo, Reinaldo Ferreira – surpreendentemente, pois só se contava com a visita guiada à Casa-museu de Camilo, de tarde. Logo, junto à Capela de S. Brás, no lado oposto da Alameda do Mosteiro de Landim, que, sendo modesta, é parte integrante da vivência religiosa local e marca o limite da antiga cerca monástica, se anteviu a excelência do guia e a sua capacidade comunicativa, acessível, envolvente, humorística e profundamente informada que pautou a visita pelo Trilho da Cangosta do Estevão, de manhã, e na Casa-museu de Camilo, de tarde. As primeiras informações, com interesse literário e histórico-cultural, focaram-se no Mosteiro de Landim, onde Camilo Castelo Branco passou temporadas, tendo havido nele um quarto que se lhe destinava, dado que o seu proprietário foi António Vicente, amigo íntimo do escritor, bem assim como na casa de António José Pinto Monteiro, protagonista da obra camiliana “O Cego de Landim” da qual se leram expressivamente excertos com a participação de alguns/algumas Colaboradore/a/s do CIC. Também todos os presentes ficaram cientes de que o Trilho da Cangosta do Estevão é um percurso pedestre cultural e literário, inspirado num existente em Ribeira de Pena, cenário ficcional da novela camiliana “Maria Moisés”, uma das “Novelas do Minho”, com cerca de três quilómetros, que liga(va) a Casa de Camilo, em S. Miguel de Seide, ao Mosteiro de Landim, e que o primeiro português profissional das letras terá calcorreado vezes sem conta e que terá servido de inspiração para algumas das suas tramas romanescas atinentes a ambientes, espaços e personagens – os supramencionados livros “O Cego de Landim” e “Maria Moisés”, mas também “A Brasileira de Prazins” são disso exemplos ilustrativos.


Iniciado o Trilho da Cangosta do Estevão junto à Capela de S. Brás, contígua à casa de António José Pinto Monteiro, como foi suprarreferido, prosseguiu-se em direção da Quinta do Pregal, confirmando-se que se tratava de uma verdadeira “cangosta” – percurso pedestre por rua ou caminho estreito, geralmente entre muros ou casas, muitas vezes com declive, sendo sinónimo de vereda, travessa ou atalho, costumando referir-se a passagens antigas, frequentemente empedradas, que ligam zonas rurais (ou urbanas) de forma mais direta, mas menos acessível a veículos, como foi o caso. Na Quinta do Pregal, associada à personagem Marta, protagonista de “A Brasileia de Prazins”, aproveitou-se, mais uma vez, para a leitura dramatizada de excertos dessa obra com o envolvimento de Colaboradore(a)s do CIC, tornando a predispor com sonantes gargalhadas todos os presentes.


Depois, percorreu-se um eucaliptal, caminhou-se na margem do rio Pele e atravessou-se um milheiral, fruindo-se da paisagem rural minhota e de um ligeiro exercício físico em contacto com a natureza, já sob uma canícula sequiosa, passando-se pela Casa de Passelada (ligada a Ana Rosa Correia, segunda mulher de Nuno Castelo Branco e nora de Camilo) que, infelizmente, de longe, parecia um pardieiro até se parar na Azenha da “Maria Moisés”, onde, procurando-se uma amena sombra e aproveitando-se o ambiente rústico com as notas musicais da passarada e o relaxante som do fluir das águas do rio Pele, se procedeu a mais um momento enriquecedor com intervenções histórico-literárias.


Concluiu-se o Trilho da Cangosta do Estevão, pelas doze horas, no Largo de Camilo, junto à Casa-museu de Camilo, tendo o guia, na contínua e convicta, mas também emocionada e emocionante valorização do património camiliano e da memória literária e afetiva deste autor, aberto o “apetite” para a visita guiada à Casa-museu, aludindo a dados biobibliográficos, curiosidades humorísticas e episódios pitorescos que envolveram Camilo Castelo Branco, designadamente respeitante à lápide que consta no frontispício da Igreja Paroquial de S. Miguel de Seide.


Seguiu-se o almoço partilhado em modalidade de piquenique num parque para o efeito situado em frente do Largo de Camilo. Mais do que as iguarias que cada participante partilhou num repasto variado e multissensorial, destacou-se o convívio despretensioso, caloroso, são e jovial, sobressaindo-se o espírito de união, de partilha, de comunidade, coadunados a uma verdadeira família, como a Família CIC – fazendo, então, todo o sentido a afirmação de Camilo Castelo Branco: «A amizade é o conforto indescritível de nos sentirmos seguros com pessoas sem ser preciso pesar o que se pensa ou se diz». Após o “café do Douro” e do verdadeiro, estavam todos ainda mais bem predispostos para a “jornada” da tarde, não obstante os cerca de 39º.
Assim, pelas catorze horas e trinta minutos, realizou-se a visita guiada à Casa-museu de Camilo na continuidade da experiência enriquecedora da manhã, tendo todos absorvido o ambiente vívido e humano/humanizado do século XIX que a Casa (re)cria – a típica cozinha rural minhota; a sala de Ana Plácido, também ela escritora; os quartos dos dois filhos, Nuno e Jorge; o escritório, lugar de leituras, de criação literária e de tormentos existenciais e económico-financeiros, entre outros; o quarto do casal que dormia em camas separadas à luz do seu “status” social da época; a sala de estar onde Camilo se suicidou em 1 de junho de 1890 depois de um famoso oftalmologista de Aveiro lhe ter aconselhado as águas do Gerês para “curar” a sua cegueira; e a sala de jantar, culminando na parte inferior da Casa com uma exposição sobre Camilo e “Amor de Perdição” – locais da sua biobibliografia e testemunhos de figuras do passado ao presente. A visita bem guiada fez todos os participantes viajarem ao universo inquieto e inquietante, apaixonado e apaixonante, além de genial, em termos biobibliográficos de um dos maiores vultos da literatura portuguesa.


Em conclusão, no final deste dia memorável, na chegada ao CIC, pelas dezassete horas e trinta minutos, os rostos de todos os participantes irradiavam satisfação, regozijo e noção plena de que foi um verdadeiro passeio-convívio com boa disposição e espírito de grupo, com interesse intensamente histórico-cultural e literário e sentimento de gratidão, sobretudo pela qualidade do guia, Reinaldo Ferreira, do Serviço Educativo da Casa-museu de Camilo, a quem expressamos um sentido e reconhecido “Bem-haja”.

 

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