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Nuno Azevedo e Pedro Barbosa sensibilizam
Jovens do CIC
Casa da Música diminui dependência
“Há cinco anos a Casa da Música tinha 5% de receitas próprias. Actualmente
assegura mais de 50% do seu orçamento com as suas receitas de bilheteira,
patrocínios e serviços prestados” - explicou Nuno Azevedo aos jovens do Colégio
Internato dos Carvalhos. A diminuição da dependência do Estado tem sido um dos
vectores da estratégia seguida pelo administrador-delegado da Casa da Música. A
Fundação juntou 48 entidades, as empresas privadas que se envolveram no desafio
de afirmar a Casa da Música como uma instituição credível, aberta, internacional
e sustentável.
Neste trabalho, Nuno Azevedo dirige uma equipa de 300 pessoas, metade das quais
são músicos. A instituição conta com o lado irreverente da arquitectura,
transportando-a para a criatividade da música. “A programação da Casa da Música
é diferente, singular e criativa, que se consolidou à medida que a qualidade se
foi afirmando. Está num patamar único de criatividade e qualidade” - sublinhou
Nuno Azevedo.
Tem seguido uma estratégia de abertura, evitando a programação erudita,
abrindo-se a públicos que normalmente não frequentariam os espectáculos. “À
medida que vamos abrindo os géneros musicais, vamos criando apetência, criando
alternativas à música clássica” - explicou. A Casa da Música desenvolve também
um serviço educativo para promover a inclusão social, realizando mais de 1000
eventos, deslocando-se a outras instituições para tornar os espectáculos
acessíveis a pessoas com dificuldades de locomoção.
A internacionalização é outra das grandes apostas. A Casa da Música traz
estrangeiros a Portugal e leva os seus músicos e a sua programação ao
estrangeiro. “No total de 200 programas da Casa da Música, 50 programas vão
circular no estrangeiro envolvendo as instituições mais relevantes” - disse Nuno
Azevedo.
“Não desistam dos vossos sonhos”
Na mensagem dirigida aos jovens do Colégio Internato dos Carvalhos, o
administrador delegado da Casa da Música destacou a importância do sonho e da
ambição. “Pelas vossas cabeças passam os mais belos sonhos. Não devem pensar que
as coisas vão piorar. A última coisa a fazer é parar de sonhar” - disse.
Nuno Azevedo recordou a convulsão social e política que se seguiu ao 25 de Abril
e as duas intervenções anteriores do FMI. A seguir veio um período de afirmação
na sociedade portuguesa.
Desafiando os jovens a ter a ambição saudável, referiu que na comparação com
outros países falta em Portugal ambição, falta dar o passito para realizar os
sonhos. “Devem ter a coragem de atingir os vossos sonhos” - salientou.
“Se falharem, não há problema. Seguir-se-á um novo sonho e uma nova realização.
Portugal tem um problema: Não nos per¬doam os erros. Quando alguém falha, é
reprimido” - disse Nuno Azevedo aos jovens. “Se desistirmos dos sonhos, ficamos
à espera que alguém venha fazer o que estava na nossa mão”.
“A Casa da Música deve ser um espelho do que nós próprios queremos ser” -
destaca Nuno Azevedo.
NUNO AZEVEDO AFIRMA
“Tive a sorte de ter o pai que tive”
No debate que se seguiu à intervenção de Nuno Azevedo uma aluna do 12.º ano do
Colégio Internato dos Carvalhos confrontou o administrador da Casa da Música com
o facto de ser filho do líder do maior grupo empresarial. A opção pelo projecto
da Casa da Música foi a ambição pessoal de enveredar por um caminho diferente
fora do grupo Sonae?
“Tive a sorte de ter o pai que tive, entre outras coisas porque me deu sempre a
liberdade de encontrar o meu próprio caminho” - respondeu Nuno Azevedo, que
durante 15 anos foi gestor executivo no grupo Sonae. Admitiu que algures no
processo de decisão o facto de passar a ter um percurso diferente do anterior
foi importante. Nessa medida, o projecto da Casa da Música tem contribuído para
que se sinta hoje mais realizado.
Na sua intervenção, Nuno Azevedo recordaria que o ponto de partida da Casa da
Música não era favorável. O projecto de construção custara várias vezes mais que
o previsto e tinha um atraso de quatro anos. Temia-se que fosse um novo elefante
branco. O desafio foi tornar a instituição sustentável, credível, aberta e
internacional, afirmando-se também como um marco icónico da cidade. “A Casa da
Música deve ser um espelho do que nós próprios queremos ser, com uma visão mais
alargada do que é o Mundo” - destacou Nuno Azevedo.
Capacidade para aprender é hoje mais importante que o conhecimento
“O comércio móvel terá cada vez mais dimensão de escala” - prevê Pedro Barbosa.
Em 1990 a duração média de um emprego era de 14 anos. O tempo médio de cada
projecto profissional tem vindo a diminuir de forma acentuada. Em 2012 a duração
média de um emprego não irá além de ano e meio - disse Pedro Barbosa aos alunos
do Colégio Internato dos Carvalhos. O director do Corte Inglês e autor do livro
“Speculations & Trends”, editado pela Vida Económica em Portugal, Espanha e na
maioria dos países da América Latina, explicou as principais tendências que se
fazem sentir no Mundo.
“Antes o mais importante era o conhecimento. Hoje, o importante é a capacidade
de aprender, através de uma aprendizagem ágil” - referiu.
Para Pedro Barbosa, há uma tendência importante, passando do produzido na China
para o desenvolvido na China. Este país asiático começou por ter apenas produtos
industriais, inicialmente com pouca qualidade, mas está a ter cada vez mais
produtos desenvolvidos e inovadores.
No plano do consumo, o autor do livro “Speculations & Trends “comentou o actual
cenário de crise porque há mais oferta do que procura.
O cliente é camaleão ou avatar porque pretende pagar o mínimo pelo que é
indiferenciado mas paga o necessário pelo que tem valor.
A sociedade muda muito e depressa. A influência das mulheres nas decisões de
consumo não pára de aumentar. Actualmente já determinam 55% das decisões de
compra e prevê-se que em breve irão terminar 70% das compras. Além do que
compram para si são também prescritoras de produtos para os homens.
Em vários sectores de actividade há uma tendência para se passar do conceito “low
cost “ao “no cost”. Exemplificando, Pedro Barbosa referiu que em alguns
segmentos do transporte aéreo a receita potencial deixa de estar no preço dos
bilhetes, evoluindo para o potencial de consumo dos passageiros quando se
deslocam de avião.
Internet móvel é a tendência marcante
Para Pedro Barbosa, a expansão da internet móvel é a tendência com mais impacto
para os próximos anos.
Em 2013 vai ser a plataforma principal de comunicação a nível mundial, o que
terá reflexo a todos os níveis. “O comércio móvel terá cada vez mais dimensão de
escala” - prevê Pedro Barbosa.
Ainda nos estilos de vida e hábitos de consumo, o autor do livro “Speculations &
Trends” destacou a compra colaborativa, a expansão dos shopping clubs, bem como
o desenvolvimento do cloud computing.
Artigo gentilmente cedido pelo Grupo Editorial Vida Económica
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