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Visita de estudo ao Tribunal da Relação do Porto, Ex-Cadeia da Relação
do Porto, Livraria Lello & Irmão e Arquivo Municipal Histórico-Casa do Infante
“AJD” foi a sigla mais ouvida, ou melhor, cantada em todo o Porto no dia 18 de
Fevereiro de 2011! Vivia-se o verdadeiro espírito de AJD, jovens ambiciosos que,
com convicção, lutavam para serem ouvidos. Com o espírito acordado para a
justiça, encontrámo-nos com uma parte do nosso ser, nos majestosos locais onde
Homens trabalham por um mundo mais equilibrado e mais justo. E não apenas,
visitámos outros locais envoltos no mundo das Letras, o nosso mundo.
Nesse dia, visitámos o Tribunal e a Ex-Cadeia da Relação do Porto, a Livraria
Lello & Irmão e o Arquivo Histórico Municipal - Casa do Infante. Mais do que uma
visita foi uma viagem, em que nos completámos com os novos conhecimentos que
adquirimos.
O dia começou com a ida ao imponente Tribunal da Relação do Porto. Avizinhava-se
algo único. A enormidade do edifico tornava-nos pequenos, esvaziando a nossa
mente das ideias pré-fabricadas que tínhamos. No exterior, estávamos reduzidos
perante tal grandeza, mas ansiosos por estar no seu interior, pois precisávamos
do que lá estava, de encher, de novo, a nossa mente com o conhecimento que nos
esperava. Ao entrar, a ideia de justiça presente em nós começava a
desmistificar-se, tornando-se mais clara a cada passo que dávamos dentro daquela
fortaleza e a cada personalidade que nos dava o seu mundo a conhecer,
aliciando-nos para que o seguíssemos. Como aspirantes a Homens da lei, essa
força que nos puxava era imensa, sendo cada palavra um argumento que fazia a
nossa emotividade ceder. Com certeza foi um momento para ser posteriormente
recordado, em que muitos de nós saborearam os seus sonhos, rodeados de arte e
magnificência ali presentes, o cenário perfeito, que impedia qualquer um de
parar o seu voo imaginário. Tudo parecia intocável, feito por deuses,
transmitindo a ideia da perfeição que se busca naquele local, uma perfeição
perseguida pelos Soldados da Justiça, que, vendados com o véu da ignorância, dão
diariamente o seu melhor para equilibrar a balança da justiça.
Mas se parecem já ter sido emoções suficientemente fortes para um só dia, é
possível afirmar que não foram. Ainda muito estava para vir. A nossa próxima
visita foi à Ex-Cadeia da Relação do Porto. Sabendo que, neste lugar, haviam
estado presas pessoas que nem sempre o mereceram, as nossas próprias emoções se
prenderam ali, à volta das histórias de prisioneiros que, durante anos, fizeram
daquele lugar a sua casa, contribuindo, também, para tal o facto de o espaço ter
sido tornado o Centro Português de Fotografia - parecendo as máquinas
fotográficas revelarem momentos do passado. No entanto, sabíamos que aquela era
a suprema arma do lugar antes visitado, que todos aqueles que haviam sido
julgados por passar a linha do legal ali tinham estado, sendo punidos pelos seus
actos.
Após tudo isto, parecia que o dia já tinha valido mais do que a pena. Mas ainda
mais estava à nossa espera. Agora um pouco mais soltos da justiça, fomos visitar
a mundialmente reconhecida Livraria Lello & Irmão, que recebeu a classificação
de Terceira Melhor Livraria do Mundo no ano de 2010, pela editora Lonely Planet.
Dentro desta, respirava-se arte, fazendo cada um que lá entrasse embarcar numa
viagem ao passado, através do toque de Arte Nova presente, que atravessou
séculos. Tal como todas as livrarias, esta tinha o seu interior forrado de
livros, o que, por vezes, passava despercebido, sendo escondido pela beleza
deste espaço, que encanta com cada um dos seus mais ínfimos pormenores. É, sem
dúvida, uma visita que vale a pena, quer por motivos turísticos, quer por
motivos de compra. E comprar um livro nesta livraria saberá ainda melhor, visto
que os livros trazem consigo uma parte da arte ali presente.
Depois do merecido descanso da hora de almoço, em que partilhámos ideias e
emoções acerca dos acontecimentos vividos durante a manhã, dirigimo-nos para a
zona ribeirinha do Porto, para visitar o Arquivo Municipal Histórico-Casa do
Infante, tida como local de nascimento do Infante D. Henrique. Fomos recebidos
de forma calorosa pelas animadoras socioculturais responsáveis pela dinamização
do serviço educativo, que, de forma lúdica, nos deram a entender quais os seus
princípios, e nos mostraram um protótipo das actividades que são realizadas pela
instituição, com vista a retratar a sua história, tal como a da época em que
esta foi construída. Foi-nos dado a conhecer o arquivo histórico, em que estão
guardados aqueles que podem ser considerados como os documentos mais importantes
da cidade do Porto desde que foi iniciada a sua conservação. Muito mais do que
um arquivo, este local é a história do Porto representada no papel, todos os
pequenos detalhes que, ao longo da história, ergueram a invicta estavam ali
guardados, como que o símbolo de orgulho do Porto. E como esta história não
podia estar apenas representada no papel, esta casa possui também um núcleo
museológico, em que, tal como no arquivo, está representada a história da
cidade, desta vez por intermédio da arte. Estávamos a conhecer ali mais do
Porto, que não podíamos ver apenas a olhar as suas ruas, estávamos no seu centro
histórico a admirar o que percorreu, ao longo destes anos, o bater deste coração
e o tornou mais vigoroso.
Mas, (in)felizmente, o conceito de eterno é encurtado pela felicidade, portanto
fomos obrigados a dizer adeus a este dia. Com toda a certeza pode ser afirmado
que jamais o esqueceremos e que aguçou os nossos desejos, incentivando-nos para
lutarmos por eles, criando-nos a esperança interior de virmos a fazer parte
daquele dia, com um papel diferente, o de receber aqueles jovens ambiciosos e o
de os aliciarmos a seguir-nos!
De modo algum há palavras para descrever toda esta emoção, mas, como somos da
área das Humanidades, não dispensamos as nossas fiéis palavras, pois, assim
sendo: Este foi um dia AJD!
João de Azevedo Dias, Nº 10584 – 11º LRJ2
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