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O parasita é ingrato até com a árvore que o sustenta.
Elanklever
Falar Saúde Nº 10
Caça às bichas
Em conversa com os meus alunos sobre animais de estimação, fiquei
surpreendida com o facto de muitos deles não saberem a razão pela qual,
de vez em quando, toda a família “toma uns comprimidos”, mesmo que não
possua um cão ou um gato. Embora actualmente menos preocupante, devido à
melhoria nas condições de higiene da população portuguesa, não deixa de
ser revelador do desconhecimento generalizado sobre parasitas, em
concreto, os parasitas intestinais. Não é suposto vivermos em harmonia
com as “bichas” e os sintomas podem ir desde uma pequena indisposição
até distúrbios complicados de gerir. Como diz o povo “não mata, mas
mói”, o que não é inteiramente verdade para países africanos, asiáticos
ou latino-americanos, onde a mortalidade pode atingir os 20 mil óbitos
por ano.
Os “tais” dos comprimidos são desparasitantes, vulgarmente conhecidos
como “remédio das bichas”, e devem ser tomados sob a supervisão médica.
Para os animais domésticos são obrigatórios, pois uma vez desparasitados,
não só gozam de uma melhor saúde, mas também deixam de representar uma
ameaça à saúde do seu dono e restantes familiares.
Ficam aqui algumas luzes sobre estes companheiros indesejáveis.
A origem do termo “bichas” perde-se no tempo, mas parece relacionar-se
com o aspecto que apresentavam quando pouco, ou nada, se sabia da sua
anatomia e fisiologia.
Na realidade, as “bichas”, ou lombrigas, são parasitas intestinais da
família dos Helmintas, cujo nome científico é Ascaris lumbricoides e
causam uma doença conhecida por ascaridíase.
Apresentam um corpo cilíndrico, de 20 a 40 centímetros de comprimento e
cor branca amarelada. Como é característico dos parasitas desenvolve-se
e vive dentro do corpo de um hospedeiro (o homem), à custa do qual se
alimenta.
Os ovos das lombrigas encontram-se na terra onde são depositados através
das fezes contaminadas. A entrada dos ovos no aparelho digestivo faz-se
através das mãos sujas por terra contaminada, pela ingestão de verduras
mal lavadas contendo resíduos de terra ou ainda transportados pelas
moscas para os alimentos. Quando o ovo chega ao intestino rebenta e
liberta a larva que se encontra no seu interior e que vai, transportada
na corrente sanguínea, passar para os pulmões, a laringe, voltando a
entrar no aparelho digestivo através da faringe. É no aparelho digestivo
que a lombriga se desenvolve e cresce, até atingir a idade adulta. As
lombrigas vivem no intestino depois de atingir a idade adulta, onde se
reproduzem pondo ovos. Os ovos são eliminados através das fezes e vão
contaminar de novo os terrenos. O tempo de vida médio de uma lombriga é
de cerca de um ano.
Na maioria das vezes a infestação por lombrigas é assintomática (não dá
sintomas), mas também pode causar prurido perianal, sobretudo à noite
quando as fêmeas migram para fazer a postura dos ovos e outros sintomas
associados tais como:
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Insónia;
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Pesadelos;
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Incontinência nocturna;
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Anorexia;
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Perda de peso;
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Irritabilidade;
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Náuseas e vómitos;
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Dor abdominal;
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Febre.
A infestação por lombrigas e as outras parasitoses intestinais pode ser
evitada adoptando algumas medidas simples:
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Lavar bem as mãos após a ida à casa de banho;
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Manter as unhas curtas;
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Não colocar as mãos na boca;
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Tomar duche em vez de banho de imersão;
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Limpar diariamente a casa de banho e cama;
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Lavar bem as mãos antes de manipular os alimentos;
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Lavar bem as frutas e legumes;
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Cozinhar bem os alimentos;
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Evitar as piscinas contaminadas;
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Impedir as crianças de brincar com animais não desparasitados.
O importante é não esquecer que a educação e boas condições sanitárias
são medidas importantes na prevenção desta infestação.

http://www.organicnutrition.co.uk/images/parasites/ascaris_bolus.gif
Prof. Isabel Cristina
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