FALAR SAÚDE Nº 10: Caça às bichas

Prof. Isabel Cristina
02/03/2011

Em conversa com os meus alunos sobre animais de estimação, fiquei surpreendida com o facto de muitos deles não saberem a razão pela qual, de vez em quando, toda a família “toma uns comprimidos”, mesmo que não possua um cão ou um gato...

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Falar Saúde
02 de Março de 2011

 

 

 

 

 


O parasita é ingrato até com a árvore que o sustenta.
Elanklever


Falar Saúde Nº 10
Caça às bichas

Em conversa com os meus alunos sobre animais de estimação, fiquei surpreendida com o facto de muitos deles não saberem a razão pela qual, de vez em quando, toda a família “toma uns comprimidos”, mesmo que não possua um cão ou um gato. Embora actualmente menos preocupante, devido à melhoria nas condições de higiene da população portuguesa, não deixa de ser revelador do desconhecimento generalizado sobre parasitas, em concreto, os parasitas intestinais. Não é suposto vivermos em harmonia com as “bichas” e os sintomas podem ir desde uma pequena indisposição até distúrbios complicados de gerir. Como diz o povo “não mata, mas mói”, o que não é inteiramente verdade para países africanos, asiáticos ou latino-americanos, onde a mortalidade pode atingir os 20 mil óbitos por ano.

Os “tais” dos comprimidos são desparasitantes, vulgarmente conhecidos como “remédio das bichas”, e devem ser tomados sob a supervisão médica. Para os animais domésticos são obrigatórios, pois uma vez desparasitados, não só gozam de uma melhor saúde, mas também deixam de representar uma ameaça à saúde do seu dono e restantes familiares.

Ficam aqui algumas luzes sobre estes companheiros indesejáveis.

A origem do termo “bichas” perde-se no tempo, mas parece relacionar-se com o aspecto que apresentavam quando pouco, ou nada, se sabia da sua anatomia e fisiologia.

Na realidade, as “bichas”, ou lombrigas, são parasitas intestinais da família dos Helmintas, cujo nome científico é Ascaris lumbricoides e causam uma doença conhecida por ascaridíase.

Apresentam um corpo cilíndrico, de 20 a 40 centímetros de comprimento e cor branca amarelada. Como é característico dos parasitas desenvolve-se e vive dentro do corpo de um hospedeiro (o homem), à custa do qual se alimenta.

Os ovos das lombrigas encontram-se na terra onde são depositados através das fezes contaminadas. A entrada dos ovos no aparelho digestivo faz-se através das mãos sujas por terra contaminada, pela ingestão de verduras mal lavadas contendo resíduos de terra ou ainda transportados pelas moscas para os alimentos. Quando o ovo chega ao intestino rebenta e liberta a larva que se encontra no seu interior e que vai, transportada na corrente sanguínea, passar para os pulmões, a laringe, voltando a entrar no aparelho digestivo através da faringe. É no aparelho digestivo que a lombriga se desenvolve e cresce, até atingir a idade adulta. As lombrigas vivem no intestino depois de atingir a idade adulta, onde se reproduzem pondo ovos. Os ovos são eliminados através das fezes e vão contaminar de novo os terrenos. O tempo de vida médio de uma lombriga é de cerca de um ano.

Na maioria das vezes a infestação por lombrigas é assintomática (não dá sintomas), mas também pode causar prurido perianal, sobretudo à noite quando as fêmeas migram para fazer a postura dos ovos e outros sintomas associados tais como:

  • Insónia;

  • Pesadelos;

  • Incontinência nocturna;

  • Anorexia;

  • Perda de peso;

  • Irritabilidade;

  • Náuseas e vómitos;

  • Dor abdominal;

  • Febre.

A infestação por lombrigas e as outras parasitoses intestinais pode ser evitada adoptando algumas medidas simples:

  • Lavar bem as mãos após a ida à casa de banho;

  • Manter as unhas curtas;

  • Não colocar as mãos na boca;

  • Tomar duche em vez de banho de imersão;

  • Limpar diariamente a casa de banho e cama;

  • Lavar bem as mãos antes de manipular os alimentos;

  • Lavar bem as frutas e legumes;

  • Cozinhar bem os alimentos;

  • Evitar as piscinas contaminadas;

  • Impedir as crianças de brincar com animais não desparasitados.

O importante é não esquecer que a educação e boas condições sanitárias são medidas importantes na prevenção desta infestação.

http://www.organicnutrition.co.uk/images/parasites/ascaris_bolus.gif

Prof. Isabel Cristina

 

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