“Usa tudo, gasta-o bem, faz com que sirva ou então vive sem.”
Antigo provérbio amish
O desperdício alimentar é um dos principais problemas a nível económico, ambiental e social que se verifica nos dias de hoje. É uma realidade cada vez mais significativa, com valores tão elevados que surpreendem e chocam qualquer pessoa. De acordo com a FAO (“Food and Agriculture Organization”), cerca de 1/3 de todos os alimentos produzidos, anualmente, a nível mundial, é desperdiçado, sendo que, a nível nacional, o Projeto de Estudo e Reflexão do Desperdício Alimentar (PERDA) estima o desperdício alimentar anual em 1 milhão de toneladas de alimentos, dos quais 324 mil toneladas são desperdiçadas pelo consumidor.
Uma situação destas torna-se insustentável pelas consequências que acarreta. Não só milhares de pessoas que passam fome a nível mundial poderiam ver as suas necessidades alimentares satisfeitas – se as sobras e excedentes fossem corretamente direcionados – como também o ambiente se ressente.
O desperdício alimentar contribui, juntamente com os transportes, com a indústria e com a agropecuária, para a forte emissão de gases com efeito de estufa. Ao considerarmos que uma parte do contributo da agropecuária e da indústria para essa emissão total se verificou ao nível da realização de produtos alimentares que foram, depois, desperdiçados e inutilizados, percebemos, de facto, a real dimensão do desperdício alimentar na poluição do planeta. Além disso, toda a água, luz, gás, combustíveis, matéria-prima e mão de obra, que são utilizados na produção desses alimentos desperdiçados, acabam por constituir gastos económicos em vão, que poderiam ser direcionados para outras áreas em falta. Até para o próprio consumidor, o desperdício de produtos que comprou, mas não consumiu, constitui um conjunto de gastos desnecessários que poderiam ter sido poupados e utilizados para satisfazer outras necessidades.
O principal contributo individual que todos nós podemos dar começa com pequenas atitudes, em casa e no momento da compra, que conduzirão, indubitavelmente, à redução da quantidade de comida que desperdiçamos. Não podemos, como comunidade, continuar a descartar os alimentos. A partir do momento em que estes são trazidos para casa, a forma como são geridos é da responsabilidade de cada um de nós. Deste modo, todos temos um papel relevante na prevenção e redução do desperdício alimentar.
Como sabemos, existem várias formas de evitarmos esta situação, se adotarmos pequenas técnicas que não requerem grande esforço da nossa parte e até fazem com que poupemos algum dinheiro. Uma dessas técnicas consiste, por exemplo, na reutilização das partes inutilizadas dos alimentos, nomeadamente as cascas dos frutos. Estas podem ser aproveitadas para a confeção de receitas inovadoras e práticas, ao nível da limpeza da nossa casa. No vídeo deste mês, é apresentada a receita de um detergente, que resultou da infusão de cascas de citrinos em vinagre, e que permite limpar vários tipos de superfícies (mesas e bancadas). Na Internet e em vários livros, existem várias receitas que nos fazem olhar para os componentes alimentares desperdiçados de uma nova forma e com uma nova utilidade. É uma questão de dedicarmos uma pequena parte do nosso tempo a investigar e a experimentar novas experiências que resultarão na redução do desperdício alimentar, encarando-o, também, como um passo fundamental para a diminuição do nosso impacto ambiental.
Agradecimentos especiais:
- ao Dr. Rui Tíbério pela edição do vídeo;
- à Ana Sofia Magalhães Santos (aluna do 10.º E1 e filha da professora Olívia Magalhães) pela produção do vídeo.
As professoras responsáveis,
Alice Viveiros
Olívia Magalhães