Anne Frank não morreu #7
O futuro (in)certo das crianças Rohingyas

Ricardo
03/03/2020

Tantos anos já se passaram desde que o Holocausto ceifou a tua vida e parece que a Humanidade ainda não aprendeu. Apesar de não ter acontecido mais nenhum conflito mundial desde então, existem milhares de pessoas, nomeadamente crianças, que todos os dias vivem aquilo que, um dia, foi também um conflito teu.

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Querida Anne,


Tantos anos já se passaram desde que o Holocausto ceifou a tua vida e parece que a Humanidade ainda não aprendeu. Apesar de não ter acontecido mais nenhum conflito mundial desde então, existem milhares de pessoas, nomeadamente crianças, que todos os dias vivem aquilo que, um dia, foi também um conflito teu.


Neste momento, no Myanmar, milhares de crianças da minoria Rohingya encontram-se em fuga de um genocídio planeado apenas porque seguem uma religião diferente do resto da população. Irónico não achas? Tantos anos depois e o problema continua a ser o mesmo, religiões diferentes e o facto de não se aceitarem umas às outras.


As crianças que conseguiram fugir do seu país de origem para o Bangladesh encontram-se, agora, enclausuradas, em campos de refugiados onde todos os dias, tal como tu um dia viveste, passam por condições horríveis na tentativa de sobreviver para ver outra vez o sol, onde se encontram sem acesso a água potável, comida, roupa…


“Ideias, sonhos e esperanças crescem em nós, e depois são esmagados pela dura realidade.” (in “Diário de Anne Frank”).


As pessoas esqueceram-se de ti, Anne, porque, quando todos os dias vemos centenas de notícias que nos provam a falta de humanidade, é impossível não perceber que as pessoas ignoraram tudo o que de mal aconteceu há alguns anos.
Mas nem tudo são más notícias, após as guerras, os países juntaram-se e fizeram órgãos que tentam, nos limites do que é possível, promover a paz internacional. Num desses órgãos, o Tribunal Internacional de Justiça, no dia 28 de dezembro de 2019, o Myanmar foi finalmente condenado por atentados à vida e aos direitos humanos dos Rohingyas.


A maior parte destas pessoas, tal como tu, Anne, são apenas crianças e adolescentes, presos, não num anexo, mas, sim, num campo de refugiados, onde estão encarcerados de modo a apenas sobreviverem. Se os homens fossem, de facto, inteligentes, todas estas confusões teriam ficado no século passado, presas no teu tempo, porque a lição aprendida ditaria tempos de prosperidade e de harmonia mundial.


Estas crianças não vão sequer conseguir ler o teu diário, as tuas “aventuras”, nem irão conseguir responder-te com uma carta como eu te escrevo agora. Estas crianças nem direito a educação têm.


Acreditas que uma vencedora do prémio nobel da Paz é uma das responsáveis por este acontecimento? Aung San Suu Kyi foi galardoada por ser uma ativista dos direitos humanos, mas, anos depois, é capaz de ser conivente com estes atentados contra a vida humana.


“Aprendi uma coisa: só se conhece realmente uma pessoa depois de uma discussão. Só nessa altura se pode avaliar o seu verdadeiro caráter” (in “Diário de Anne Frank”).


Tenho a certeza de que, se estivesses aqui, estarias tão indignada sobre este assunto quanto eu. Com o passar dos anos, foram criados imensos novos meios de tentar mudar o mundo através da pressão popular. Atualmente, uma associação chamada Amnistia Internacional está a fazer os possíveis para tentar ajudar estas crianças, lançando uma petição na hiperligação <https://www.amnistia.pt/a-crise-de-direitos-humanos-que-afeta-os-rohingya/>, que tu, certamente, irias subscrever para lembrar a alguém que é preciso tomar ações decisivas sobre este assunto.


“Apesar de tudo, eu ainda creio na bondade humana” (in “Diário de Anne Frank”).


Por fim, é importante salientar que ainda não está tudo perdido, Anne, pois estamos neste momento a trabalhar para colocar a tua voz ao serviço de todos os que precisam de ajuda e que não podem desistir de lutar por um futuro melhor.
Tal como tu, que não desististe, mas foste obrigada a desistir!


“Que maravilha é ninguém precisar esperar um único momento para melhorar o mundo.” (in “Diário de Anne Frank”).


Com amor,
Ricardo


“PS”.: Agora, para ti que estás a ler isto: se ainda não te chocou o que leste, podes sempre consultar:
<https://www.youtube.com/watch?v=Rja-Q5w-Tw8>

ou assina a petição em
<https://www.amnistia.pt/a-crise-de-direitos-humanos-que-afeta-os-rohingya/>.

 

 

 

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