Rubrica: Anne Frank não morreu #1

Os alunos da via científica do 12.º AJD, a aluna Mariana Rocha do 12º CGM2
e a Prof.ª Maria José Queirós
20/11/2019

“(…) Quando escrevo, sinto um alívio, a minha dor desaparece, a coragem volta. Mas pergunto-me: escreverei alguma vez alguma coisa de importância? Virei a ser jornalista ou escritora? Espero que sim, espero-o de todo o meu coração! Ao escrever, sei esclarecer tudo, os meus pensamentos, os meus ideais, as minhas fantasias. (…)”
Anne Frank

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“Anne Frank não morreu! porque milhões de crianças precisam dela” foi o desafio lançado na disciplina de Direito do 12.º ano do Curso de Assessoria Jurídica e Documentação (AJD)19/20 do Colégio Internato dos Carvalhos.


No âmbito da educação para a cidadania, é preciso (re)lembrar aos nossos jovens que a Democracia dá trabalho e que é preciso o contributo de cada um para que se efetive a proteção dos Direitos de Todos, com particular atenção para as crianças.


Crescer numa “Escola de Futuro com Valor(es)” implica permitir maior conhecimento da História e dos valores e princípios fundamentais conquistados, insistindo na ideia de que qualquer sociedade democrática pode, rapidamente, deixar de o ser se a sociedade em geral e a escola em particular estiverem desatentas.

 

“Prezado Professor, sou sobrevivente de um campo de concentração.
Os meus olhos viram o que nenhum homem deveria ver.
Câmaras de gás construídas por engenheiros formados.
Crianças envenenadas por médicos diplomados.
Recém-nascidos mortos por enfermeiras treinadas.
Mulheres e bebés fuzilados e queimados por graduados de colégios e universidades.
Assim, tenho minhas suspeitas sobre a Educação.
O meu pedido é: ajude os seus alunos a tornarem-se humanos. Os seus esforços nunca deverão produzir monstros treinados ou psicopatas hábeis.
Ler, escrever e saber aritmética só serão importantes se fizerem nossas crianças mais humanas.”

Texto de autor anónimo, encontrado em 1945 após a abertura de um campo de concentração

 

Estudar o Holocausto como fenómeno coletivo que pôs em causa os fundamentos da civilização através da história de Anne Frank, cujo 90.º aniversário se comemoraria este ano, significa ajudar os alunos a pensar sobre o uso e o abuso do poder e sobre os papéis e as responsabilidades dos indivíduos, das organizações e das nações quando confrontados com violações dos direitos humanos.


Conhecer o papel do Direito Internacional, com enfoque particular no desempenho do Tribunal Internacional de Justiça e do Tribunal Penal Internacional é refletir e sensibilizar para o risco de genocídio, abuso e maus tratos no mundo contemporâneo, dando relevância à necessidade de proteção dos Direitos das Crianças.

 

O projeto “Anne Frank não morreu (porque milhões de crianças precisam dela)” nunca teve tanta importância como agora. Por vezes, achamos que todas as monstruosidades que ocorreram na Segunda Guerra Mundial foram tão cruéis que jamais poderiam ser repetidas. Contudo, todos os dias, crianças sofrem de abusos que, infelizmente, não cessaram com o fim da 2.ª Grande Guerra.
Anne Frank representa nela todas as crianças que sofrem violações dos seus direitos, numa época em que a sua etnia, a religião e a sorte ditam o rumo das suas vidas sem rumo. Ao mesmo tempo, a sua vida, retratada num diário, consegue inspirar, até hoje, crianças, jovens e adultos de todo o mundo e, por isso, mesmo após a sua morte, Anne Frank continua viva para não deixar esquecer que outras crianças precisam da ajuda.


Um estudo publicado em 2016, pela Organização Mundial de Saúde, apresentando dados de 96 países, estimou que cerca de um bilhão de crianças e adolescentes sofreram ou sofrem com vários tipos de violência, psicológica, física ou sexual, sendo que, em muitos casos, os abusos permanecem ocultos.


Para que, pelo menos, algumas crianças tivessem a possibilidade de usar a sua voz contra a violência, a “ChildFund Alliance” elaborou uma pesquisa, a “Small Voices Big Dreams” 2019, entrevistando cerca de 5500 crianças, com idades entre 10 e 12 anos, de 15 países. Os resultados foram assustadores, pois 40% das crianças entrevistadas sentem que não são protegidas da violência de forma eficaz e uma em cada duas acredita que não têm voz, dado que os adultos ignoram as suas perspetivas. Surpreendentemente, 90% das crianças entrevistadas afirmam que é possível combater esta violência dando amor e ouvindo os mais novos.


Podemos parar um pouco e refletir sobre tudo isto?


No dia 20 de novembro, celebra-se o Dia Internacional dos Direitos da Criança, hoje também conhecido como o “Dia do Pijama.”


O dia do Pijama remete-nos para o conforto e aconchego a que todas as crianças deviam ter direito ao crescerem numa família estável. Assim nos lembra a Convenção Internacional dos Direitos da Criança, documento que expressa uma ideia muito clara: "uma criança deve viver num ambiente familiar, num clima de felicidade, amor e compreensão, para que seja possível realizar, na sua plenitude, todos os seus direitos".


Em Portugal, um dos objetivos passa por incentivar o aumento de famílias de acolhimento visto que, de acordo com os dados de 2017, se estima que mais de 8000 crianças vivem institucionalizadas, separadas dos seus pais, por diferentes questões judiciais.


“(…) escreverei alguma vez alguma coisa de importância? Virei a ser jornalista ou escritora?”
Sim, Anne! O teu “Diário” está traduzido em 90 línguas e tu és Embaixadora dos Direitos das Crianças com representação em todos os cantos do mundo para (re)lembrar que nunca podemos desistir de lutar pelos nossos direitos, independentemente da nossa idade e da situação em que nos encontramos.


“(…) Apesar de tudo, eu ainda creio na bondade humana (…).”
Anne Frank

 

 

É mais um momento importante, ao qual o Colégio Internato dos Carvalhos se associa, em que se procura mobilizar a escola para a sempre pertinência de olhar o futuro sem esquecer as memórias do passado que nos trouxeram até hoje.


“Anne Frank não morreu!” é um projeto de estudo que será desenvolvido ao longo do ano letivo e que será partilhado com a Comunidade Educativa. Partilhados serão também os registos efetuados na deslocação à Holanda dos alunos do 12.º ano de AJD, acompanhados dos professores do CIC que se queiram associar.


Também aqui somos Missionários Claretianos, do nosso tempo e ao nosso jeito.

 

 

Os alunos da via científica do 12.º AJD, a aluna Mariana Rocha do 12º CGM2 e a Prof.ª Maria José Queirós

 

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