“Auschwizt Sempre” III - Como todos contribuíram

Os alunos da via científica do 12.º AJ
e a Prof.ª Maria José Queirós
15/01/2019

Enquanto o mundo desabava, muitos foram os que contribuíram, por ação ou por omissão, para aquilo que viria ser uma das catástrofes da Humanidade. As ciências, as tecnologias, as artes colaboraram, de alguma forma, para a duração e intensidade deste período.

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"A ideia de Nação é um dos anestésicos mais potentes inventados pelo homem. Sob a sua influência, o povo inteiro pode levar a cabo o seu programa sistemático de egoísmo virulento sem ter a menor consciência da sua perversão moral." (Rabindranath Tagore, 2017)


Porque os Direitos Humanos são um assunto de todos e por todos, e porque os alunos e os professores podem, de facto, mudar o mundo, percorramos algumas áreas de estudo da nossa escola, procurando perceber de que modo contribuíram, à época, para a perpetuação do ideal nazi.

 

Marketing:

Em 1933, Hitler estabeleceu o Ministério do “Reich” para Esclarecimento Popular e Propaganda, liderado por Joseph Goebbels que veio a ser determinante na (de)formação do pensamento da época.

Os 11 princípios do ministro da propaganda nazi, Joseph Goebbels, eram:

1. «Princípio da simplificação e do inimigo único:
Simplifique não diversifique, escolha um inimigo por vez. Ignore o que os outros fazem; concentre-se num até acabar com ele.

2. Princípio do contágio:
Divulgue a capacidade de contágio que este inimigo tem. Colocar um antes perfeito e mostrar como o presente e o futuro estão sendo contaminados por este inimigo.

3. Princípio da transposição:
Transladar todos os males sociais a este inimigo.

4. Princípio da exageração e desfiguração:
Exagerar as más notícias até desfigurá-las transformando um delito em mil delitos criando assim um clima de profunda insegurança e temor. “O que nos acontecerá?”

5. Princípio da vulgarização:
Transforma tudo numa coisa torpe e de má índole. As ações do inimigo são vulgares, ordinárias, fáceis de descobrir.

6. Princípio da orquestração:
Fazer ressoar os boatos até se transformarem em notícias, replicadas pela “imprensa oficial”.

7. Princípio da renovação:
Bombardear com novas notícias (sobre o inimigo escolhido) para que o recetor não tenha tempo de racionar.

8. Princípio do verossímil:
Discutir a informação com diversas interpretações de especialistas, mas todas contra do inimigo escolhido.

9. Princípio do silêncio:
Ocultar toda a informação que não seja conveniente.

10. Princípio da transferência:
Potencializar um fato presente com um fato passado.

11. Princípio de unanimidade:
Procurar convergência em assuntos de interesse geral, apoderando-se do sentimento produzido por estes e colocá-los contra o inimigo escolhido.

 


As Artes:

O objetivo do governo era garantir que a mensagem nazi fosse transmitida com sucesso através da arte, da música, do teatro, de filmes, livros, estações de rádio, materiais escolares e imprensa. Todos estes meios proporcionavam ao cidadão comum a evasão da rotina diária, transportando-o para um mundo de sonho e irrealidade. Os jornais alemães, principalmente o “Der Stürmer”, “O Tufão”, publicavam caricaturas antissemitas para descrever os judeus.

O cinema, em particular, teve um papel importante na disseminação das ideias do antissemitismo racial. Os filmes nazis retratavam os judeus como seres "sub-humanos" que se infiltraram na sociedade ariana.

 

Ciências Económicas:

Em nome do lucro, grandes corporações alemãs, europeias e até americanas patrocinaram o nazismo.


Enquanto nos EUA a Coca-Cola forjava a imagem de ícone americano e parceira inseparável dos jovens, a sua subsidiária alemã usava mão de obra escrava, especialmente nos últimos anos da guerra;
A Nestlé foi outra empresa que lucrou com contratos alemães utilizando milhares de escravos nas suas linhas de produção.




Na corporação Dr. Oetker, o diretor-executivo, Richard Kaselowsky, filiou-se ao Partido Nazi e doou grandes quantias a Heinrich Himmler, líder da SS. Rudolf- August Oetker, seu enteado e sucessor, manteve a proximidade. Em 1941, chegou a alistar-se como voluntário da “Waffen-SS”, responsável pela vigilância dos campos de concentração.

 

Ciências e Tecnologias:


A invenção do “Zielgerät” 1229, um complemento para o rifle “Sturmgewehr” 44, permitia aos soldados conseguirem observar os seus inimigos em locais escuros.

 

O “Messerschmitt” Me 262 – representava a nova era da aviação telecomandada.

 

“Silbervogel”, Pássaro Prateado, era um avião que poderia chegar a alturas muito superiores às de outros aviões.

 

“Vergeltungswaffe” foi o primeiro míssil guiado à distância a ser utilizado num combate militar real, assim era possível não arriscar a vida de soldados.

 

Durante a guerra, a indústria expandiu as suas fábricas para todos os países ocupados. Como grande parte das empresas da época, a Krupp usou mão de obra forçada, com prisioneiros de guerra e de campos de concentração, e também civis dos locais ocupados. É possível que o número de escravos tenha chegado a 100 mil.

Operava num subcampo em Auschwitz e noutro em Ravensbrück, de onde retirou centenas de milhares de operários. Produzia telefones, telégrafos e rádios para a comunicação militar durante a guerra, componentes elétricos para motores de aviões, equipamentos para geração de energia, estradas de ferro e munições. A empresa foi, ainda, acusada de ter construído as câmaras de gás nas quais morreram milhões de judeus, mas isso nunca foi comprovado

Hitler via na indústria automobilística um parceiro-chave. Ao estimular a criação de um carro do povo (ou “Volkswagen”, em alemão), ganhou uma arma política formidável e um símbolo da prosperidade económica do governo.

 


A BMW, por exemplo, usou cerca de 30 mil trabalhadores forçados nas suas fábricas durante a guerra.

 

A Daimler-Benz, dona da Mercedes-Benz, também produziu camiões e motores de avião. Por volta de 1941, toda a sua produção era voltada para fins militares. Em 1944, cerca de metade dos 63610 trabalhadores eram prisioneiros ou civis de países invadidos obrigados a trabalhar.

 

Figura central da racista “American Liberty League”, Sloan, presidente da GM, cooperou em todos os aspetos com os nazis, dando dinheiro para atividades do partido e demitindo todos os seus funcionários judeus. Das fábricas da Opel saíram motores de avião para a “Luftwaffe”, detonadores de minas terrestres e torpedos. O volume de vendas para o Exército era 40% maior do que para civis



Ciências Informáticas:

A tecnologia da IBM teve um papel fulcral no holocausto da Segunda Guerra Mundial e o seu contributo foi fundamental, a todos os níveis, no processo desencadeado por Hitler contra os judeus:
> na sua identificação;
> na determinação das suas posses para efeitos de confiscação;
> na sua concentração nos “ghettos”;
> na gestão da sua força de trabalho;
> na escolha dos brutais tratamentos a aplicar-lhes nos campos;
> e no seu encaminhamento final, por comboio, para as câmaras de gás e os fornos crematórios.


Milhares de máquinas foram instaladas em território alemão e nos países europeus dominados pelos alemães, e, em particular, nos principais campos de concentração, onde controlavam e geriam cada aspeto da vida e da morte dos prisioneiros.



Prof.ª Maria José Queirós e os Alunos do 12.º AJ (via científica)

 

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