FALAR SAÚDE Nº 82: Alerta UV

Prof.ª Isabel Cristina
15/06/2015

É uma questão de saúde, que se tornou prática corrente e até acessório de moda, mas o uso de óculos de sol tem muito que se lhe diga. Álvaro Sá, oftalmologista no Hospital Lusíadas Porto, apresenta as razões pelas quais não deve sair de casa sem eles.

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Rubrica GOVCIC 02 de Março de 20
 

 

  Rubrica
Falar Saúde
15 de junho de 2015

 

 

 

 

 


É o mesmo sol que derrete a cera e seca a argila.
Antoine de Saint-Exupéry


Falar Saúde Nº 82
Alerta UV


É uma questão de saúde, que se tornou prática corrente e até acessório de moda, mas o uso de óculos de sol tem muito que se lhe diga. Álvaro Sá, oftalmologista no Hospital Lusíadas Porto, apresenta as razões pelas quais não deve sair de casa sem eles.

Os óculos de sol protegem contra a radiação luminosa. "Num dia com luz solar muito intensa, os níveis elevados de luz tendem a saturar a retina e, por isso a diminuir os níveis de sensibilidade ao contraste", explica o oftalmologista Álvaro Sá. "A função dos óculos de sol é, assim, devolver à retina o nível máximo de sensibilidade ao contraste, eliminando o excesso de "ruído", acrescenta.


Os perigos do sol

"As queimaduras solares são causadas pela exposição prolongada a altas doses de radiação ultravioleta. Pode haver lesão estrutural e funcional do exterior e interior do olho pelos efeitos térmicos e/ou fotoquímicos da absorção da luz", alerta o médico. Desta forma, mesmo em dias mais nublados, não deve desleixar a sua proteção, já que os raios UV estão presentes durante todo o ano, independentemente da intensidade do sol.


Grupos mais vulneráveis à lesão ocular pelos raios ultravioleta (UV)

Idosos

A partir dos três anos, as crianças já devem estar protegidas, mas os mais velhos não podem descurar a sua saúde ocular. "Com a idade há diminuição da concentração de moléculas que protegem dos raios UV. Catarata e Degenerescência Macular relacionada com a idade (DMI) podem estar relacionadas com a combinação da exposição cumulativa de luz e coincidente diminuição da bioquímica protetora", diz Álvaro Sá.

Olhos azuis

Pacientes com menos pigmentação, vulgo "olhos azuis" são mais sensíveis à luz? O tema ainda é polémico, mas os indivíduos com íris mais escura apresentam maior quantidade de melanina nos tecidos, incluindo na coroide, protegendo melhor a retina da exposição à luz solar. O especialista confirma: "estudos mostram que pacientes cujas íris são azuis (menos pigmentadas) têm mais incidência de DMI em comparação com pacientes com íris castanhas".

Uso de fármacos fotossensibilizantes

"Existem fármacos, como tetraciclinas ou psoralenos, que deixam os tecidos mais vulneráveis à lesão luminosa, depositando-se no cristalino e na retina". Nestes casos, a exposição solar deve ser evitada.


Exemplos clínicos de lesão ocular pela luz

Nas pálpebras

Especial atenção na época balnear, pois, tal como explica o oftalmologista do Hospital Lusíadas Porto: "A pele das pálpebras pode sofrer queimadura solar essencialmente pelos raios UV-B. As nuvens não filtram a radiação UV, portanto não previnem as queimaduras solares. Os raios UV são refletidos pela areia, água, etc. O guarda-sol não fornece proteção total contra estes raios. O espectro das lesões da pele causadas pelos raios UV pode variar entre as lesões relativamente benignas (queratose epidérmica, pele seca, hiperplasia sebácea, manchas pela idade, rugas, etc.) até lesões malignas (carcinoma de células basais, carcinoma de células escamosas, melanoma maligno, etc.)."

Na córnea

Situações a evitar e sintomas aos quais se deve estar atento:

  • Solários, lâmpadas germicidas, trabalhar com equipamentos de solda – podem provocar queratite superficial provocada;

  • "Cegueira" da neve (a neve reflete cerca de 85% da radiação UV incidente) é o resultado da exposição prolongada aos raios UV – causam uma queratite superficial punctata que tipicamente aparece 8 a 12 horas após a exposição;

  • Exposição crónica à radiação ultravioleta – pode produzir uma degeneração esferoidal da córnea (ex.: surge em cerca de 14% dos esquimós) e estar associada à presença de pterígeo (membrana que cobre os olhos);

  • Exposição solar prolongada na praia (sem óculos de sol) – chega a dificultar a adaptação ao escuro durante dois dias.

No cristalino

Associado ao aparecimento de catarata e ao início mais precoce da presbiopia que, em média, surge cinco anos antes na população dos países com mais sol (trópicos), talvez pela maior exposição à radiação infravermelha.

Na retina

Parece haver associação com o aparecimento da DMI pela toxicidade da luz azul e dos raios UV na mácula.

Estes são argumentos mais do que suficientes para não se esquecer nunca dos seus óculos de sol. Mesmo quando os dias estão mais escuros ou quando o verão já acabou.


Adaptado de
https://www.lusiadas.pt/, 28/08/2014


Não queria deixar de salientar que o investimento na compra de uns óculos de sol de qualidade não deve ser de todo descurado, pois o uso de uns óculos de sol contrafeitos (comprados em lojas de moda ou chinesas) é muito mais prejudicial do que não usar de todo óculos escuros. A explicação para este facto tem por base o mecanismo natural de defesa da pupila: esta tende a dilatar à sombra e a contrair na presença de claridade. Uma vez que as lentes de má qualidade são escurecidas, mas não possuem filtros para bloquear os raios UV, a pupila dilata, pois encontra-se confortável perante o sol, mas deixa passar mais raios UV, os quais, tal como já foi mencionado, são nocivos para a saúde.


Que cuidados deve ter, então, quando compra uns óculos de sol?

Dirija-se a uma ótica, pois só assim tem a garantia que as lentes que está a adquirir têm proteção certificada contra os raios UV. As lentes devem assim possuir filtros para raios UVA e UVB (99 a 100%), sendo a coloração castanha a que proporciona maior conforto à sua visão.

Nos desportos náuticos ou na montanha, é preferível usar lentes de coloração mais escura. As armações escolhidas devem ser grandes de modo a cobrir a maior área de pele possível e justas ao rosto para a radiação não entrar por folgas existentes.

Prof. Isabel Cristina

 

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