Métodos de estudo em alunos
do 3º Ciclo do Ensino Básico

Clara Vasconcelos
Escola Secundária de Rio Tinto

Resumo

Assiste-se actualmente a um número crescente de alunos que vivem episódios consecutivos de insucesso, ou mesmo de abandono escolar, decorrentes das dificuldades de aprendizagem que enfrentam e da incapacidade da sua resolução. Admitindo que essas dificuldades de aprendizagem estão também associadas aos seus hábitos de trabalho, pretende-se apresentar nesta comunicação uma escala de avaliação de métodos de estudo (Escala Alvffl) cujo objectivo é procurar auxiliar o aluno, familiar ou professor a detectar a origem dessas dificuldades e potenciar a sua resolução.

Dado tratar-se de um trabalho em fase inicial de investigação, serão apresentados os estudos/resultados da primeira versão da Escala AME, bem como os procedimentos adoptados para o prosseguimento da operacionalização e validação da mesma. Saliente-se que esta escala abrange três dimensões (sócio-cognitiva-motivacional, atitudes e comportamentos diante do estudo e cognitivas de tratamento da informação), tendo sido promissores os primeiros resultados obtidos na sua aplicação em escolas do 3' cicio do ensino básico de zonas rural e urbana.

 

As concepções de aprendizagem dos alunos do Secundário
e as suas estratégias de aprendizagem

Pedro Sales Luís Rosário
Instituto de Educação e Psicologia
da Universidade do Minho

Resumo

Este estudo analisa as estratégias de estudo utilizadas por 520 alunos do 10 e 12º ano dos quatro agrupamentos do Ensino Secundário e quais as relações com as suas concepções de aprendizagem. Para a avaliação das estratégias de auto-regulação da aprendizagem foi utilizada uma metodologia qualitativa com base nos estudos de Barry Zimmerman (1989, 1996) que identifica 14 estratégias de auto-regulação da aprendizagem mais comuns na abordagem dos alunos às tarefas de aprendizagem. Concepção de aprendizagem foi definida por Marton como "as formas distintas de os sujeitos exprimirem os seus pensamentos acerca da aprendizagem; relativamente a si próprios e aos seus progressos" (1996, p.37). Foram identificadas seis concepções de aprendizagem distintas (Marton et al., 1993) as primeiras cinco são isomórficas às descritas por Saljo (1979) e Giorgi (1986), num estudo que analisava um conjunto de entrevistas individuais sobre a aprendizagem. Estas cinco concepções de aprendizagem encontradas foram as seguintes:

  1. Incrementar o conhecimento,
  2. Memorização,
  3. Aquisição de factos que podem ser retidos ou utilizados na prática,
  4. Abstracção de significado,
  5. Um processo interpretativo com o fim de compreender a realidade, o que significa que nos dois estudos foi identificada a mesma variação no significado da aprendizagem.
  6. A sexta concepção, "mudar como pessoa", foi descrita pela primeira vez por Marton em 1993.

 

São analisadas e discutidas neste artigo as relações entre as estratégias utilizadas pelos alunos, as suas concepções de aprendizagem e os resultados académicos, a fim de contribuir para a compreensão do processo de aprendizagem dos alunos.

Palavras chave: Estratégias de aprendizagem, auto-regulação da aprendizagem, concepções de aprendizagem, aprendizagem.

 

Autoconceito dos Alunos com Dificuldades de
Aprendizagem e Problemas de Comportamento

Teresa Oliveira Martins
Instituto de Educação e Psicologia
da Universidade do Minho

Resumo

Tomando uma amostra de 93 alunos do 5º ano de escolaridade de uma escola do meio rural, no concelho de Barcelos, analisam-se as correlações entre medidas do autoconceito e indicadores do rendimento académico, desempenho cognitivo e aceitação pelos pares. Se a literatura na área faria supor urna relação estatisticamente significativa entre as variáveis em presença, estando o desempenho escolar geralmente associado à percepção global de competência do aluno, este efeito não parece ocorrer na actual amostra. Tratando-se de alunos provenientes de um meio que não valoriza substancialmente as tarefas escolares e a aprendizagem, estes não serão factores tão determinantes na construção da sua identidade. Por outro lado, os resultados parecem apontar para uma maior valorização das dimensões da "aparência física" e do "ajustamento social das condutas".

Tecem-se algumas considerações teórico-práticas sobre o papel do professor na promoção do autoconceito dos alunos.