CAPÍTULO
VI |
40. | Uma escola especializada em formação científica, tecnológica e profissional |
O Colégio Internato dos Carvalhos defende que os jovens, até ao 9º ano, devem seguir um mesmo percurso de formação de modo a adquirirem um tipo de linguagem e de saberes comuns que lhes garantam igualdade de oportunidades na vida. Ao contrário, no ensino secundário, somos de opinião que o Colégio Internato dos Carvalhos deve oferecer aos jovens uma gama de cursos suficientemente variados e especializados para que estes possam moldar o seu futuro de acordo com as suas capacidades e sensibilidades e a oferta do mercado de trabalho Dada a experiência adquirida desde 1983 e de acordo com o nº 7 do Artigo 10º da Lei de Bases do Sistema Educativo, pretende o Colégio Internato dos Carvalhos que lhe seja reconhecido, a breve trecho, o Estatuto de "estabelecimento especializado destinado ao ensino e prática de cursos de natureza técnica e tecnológica". |
Uma nova sensibilidade educativa |
Os grandes objectivos, que o Colégio Internato dos Carvalhos, com este estatuto, persegue, coincidem exactamente com os objectivos gerais que o Ministério propõe para o ensino secundário, entre os quais se destacam:
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Objectivos gerais |
41. | Perfis de formação |
Para não se incorrer em erros de percurso insanáveis, é necessário estabelecer-se, à partida, que tipo de técnico o tecido laboral português precisa e o sistema educativo português deve produzir. Com isto, "não se pretende estabelecer um padrão único, um molde homogeneizante (...). Pelo contrário (...), o perfil desejável deve aparecer como um lugar gerador de diferenças - quer no sentido individual, em que cada pessoa se deve afirmar na sua irredutível especificidade, quer no sentido social, em que só a pluralidade de diferenças poderá garantir a criatividade colectiva". |
Perfil sócio-ético |
À entrada para o ensino secundário, o jovem encontra-se na fase final do "processo de maturação psicológica e biológica da adolescência para entrar na vida adulta com as suas tarefas próprias, a sua evolução, as suas responsabilidades". Para tal ele deve ser devidamente preparado. Não se pretende impor-lhe uma escala de valores preestabelecida pela sociedade dos já instalados na vida; procura-se, isso sim, estabelecer com o jovem o diálogo permanente acerca de princípios universalizantes de verdade, de justiça, de fraternidade e de solidariedade, de modo a ele mesmo poder criar conscientemente a sua própria escala de valores. Só assim é que o jovem desenvolverá as suas capacidades para as pôr ao serviço do semelhante; só assim é que ele saberá estar no mundo do trabalho como pessoa independente e autónoma, mas consciente das suas possibilidades e capacidades e respeitadora da independência e autonomia dos demais. |
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Pretende-se formar um técnico de nível intermédio que saiba compreender as mudanças vertiginosas impostas pelo progresso, que seja ele mesmo um agente de mudança dentro da empresa e que garanta a gestão de sectores especializados na área da produção. Para que o jovem técnico não se sinta defraudado ao ser colocado numa situação real de produção ou de decisão é necessário ministrar-lhe uma aprofundada formação geral para compreender a vida e aceitar o trabalho, e uma exigente formação científica suficientemente especializada para compreender e explicar os fenómenos específicos da suas tarefa profissional, e minimamente flexível para se adaptar à mudança tecnológica e à necessidade de formação permanente ao longo da vida. |
Perfil científico-cultural |
O técnico a formar deve atingir um nível intermédio na área da produção e desenvolvimento de projectos. Logo deve ser devidamente especializado nas técnicas próprias do seu ofício. O tecido laboral português precisa, certamente, de generalistas detentores de profundos conhecimentos teóricos na área da formação geral e da formação específica, mas precisa também de técnicos com conhecimentos práticos que abranjam um vasto leque de técnicas de produção. Admitimos que os jovens tenham de mudar de profissão ao longo da sua vida, mas esta mudança será sempre dentro da sua área de formação. Daí que quanto mais cuidada for a sua formação técnica, mais fácil e menos dolorosa será a sua reconversão profissional. |
Perfil técnico-profissional |
Os perfis, que acabámos de indicar, destinam-se a criar um tipo de técnico de acordo com as matrizes culturais e civilizacionais de cada região e conforme as necessidades empresariais do meio. Logo esses perfis não devem ser definidos a partir dos órgãos centrais do Governo, mas por organismos e pessoas integrados na Região. Por isso defendemos que o Colégio Internato dos Carvalhos deve usufruir de autonomia plena. Por autonomia entendemos a capacidade que a Escola tem "de se governar livremente dentro de uma zona definida por uma norma superior". Isto quer dizer que o sistema educativo nacional (o Estado) define a política geral de formação e que o Colégio determina o perfil do técnico a produzir e estabelece as metodologias, os regulamentos internos e as normas concretas pelas quais se deverá reger. |
Autonomia Pedagógica |
42. | Avaliação, progressão no curso, níveis de qualificação e diplomas |
A avaliação dos alunos será contínua e destina-se à recolha das informações necessárias para a tomada das decisões que o Conselho de Turma e o professor julguem mais adequadas às necessidades e às capacidades do aluno, em ordem a facilitar o acto de aprendizagem. |
Avaliação |
A progressão no curso e o acesso ao estágio profissional processam-se de acordo com o regulamento interno próprio para os cursos científico-tecnológicos. |
Progressão no curso |
A credibilidade final do curso depende do nível de qualificação profissional a atribuir ao candidato e da consequente definição da sua carreira profissional, conforme vem definido na estrutura curricular de cada curso. |
Níveis de qualificação |
No final do curso, o aluno tem direito a receber um Diploma Profissional e um Diploma de Fim de Estudos Secundários para continuação de estudos superiores. |
Diplomas de fim de curso |
43. | Articulação com o ensino superior e integração na vida activa |
Embora o Ensino Científico-Tecnológico tenha um "carácter terminal", não deixa também de ter uma "função de ponte para o Ensino Superior". O Ensino Científico-Tecnológico não deve ser considerado apenas como um fim, mas também como um meio de acesso a outros níveis de ensino. Para os candidatos oriundos deste tipo de ensino, a opção mais razoável seria o Ensino Superior Politécnico. Não está em causa a qualidade de ensino nem os graus académicos a atribuir aos candidatos, mas o tipo de técnico a formar. Para que o Ensino Científico-Tecnológico se torne mais prático e útil aos jovens que o procurem, devem os seus programas ser articulados de maneira coerente e lógica com os programas do ensino superior. Para isso o Colégio deverá celebrar protocolos de colaboração com as escolas superiores. |
Acesso ao ensino superior
Protocolos com escolas superiores |
Há, certamente, na vida do jovem, um período próprio e único para ele se assumir livre e responsavelmente como membro da comunidade social em que, de futuro, virá a realizar-se como cidadão. Julgamos que esse período vai dos 15 aos 18 anos. Consideramo-lo como o período próprio e natural para esse efeito, pois é nessa altura que o jovem atinge o desenvolvimento somático e a maturidade psíquica, que lhe vão permitir aceitar os direitos e deveres que o código social lhe irá impor ao ser integrado na comunidade. Essa integração não poderá processar-se, porém, por decreto ou por acaso, nem tampouco nas costas da comunidade. Esta, evitando embora toda e qualquer possibilidade de manobra social, política ou religiosa, deverá prepará-la e acompanhá-la cuidadosa e escrupulosamente. Todavia, uma tal integração só será natural e plena se passar pela inserção do jovem no mundo do trabalho. Para isso ele terá de adquirir necessariamente uma formação profissional em áreas consideradas essenciais. O Colégio não poderá alhear-se deste processo, antes pelo contrário deverá ser ele a liderá-lo, ministrando ao jovem destrezas e competências que o tornem capaz de se adaptar a mudanças e reconversões rápidas impostas pelo avanço vertiginoso das modernas tecnologias. É este precisamente o papel do Ensino Científico-Tecnológico. |
Integração na vida activa |
No entanto, a inserção do jovem na vida activa deve ser precedida por um estágio profissional de seis meses em que um monitor, por parte da empresa, e o Gabinete de Estágios e Emprego e o Coordenador do Curso, por parte do Colégio, ajudem o jovem a saber estar dentro da empresa e no mundo do trabalho. Este estágio faz parte integrante do curso, devendo constar do diploma profissional. |
Estágio profissional |
Terminado o estágio, o jovem deverá continuar em formação ao longo de toda a vida. O Colégio organizará cursos pos-secundários de especialização tecnológica, com a atribuição dos respectivos diplomas, promovendo assim a formação contínua do jovem e ajudando-o, se necessário, na sua auto-reconversão profissional. |
Formação contínua ao longo de toda a vida |
Ao longo deste documento fomos apresentando as
características mais importantes que definem a identidade do Colégio Internato dos
Carvalhos como uma escola católica que promove a educação cristã, assim como alguns
aspectos da organização interna do mesmo.
Estamos conscientes que não nos limitámos apenas a descrever a realidade, mas que fomos sugerindo também pistas para o melhoramento da nossa acção educativa, reconhecendo, todavia, as limitações que cada dia nos acompanham na realização das nossas tarefas. Neste sentido, poderíamos dizer que fizemos um esboço do ideal que nos propomos atingir.
Fizemo-lo propositadamente, para que os membros da Comunidade Educativa, inspirando-se no que está consignado neste documento, possam programar os diversos planos de actividades da escola.
Desejamos, pois, que o conteúdo da proposta educativa que aqui apresentamos, e que como tal define a identidade própria do Colégio, venha a servir de eixo para o qual convirjam os ideais pedagógicos e toda a acção formadora dos que constituem a Comunidade Educativa do Colégio dos Carvalhos.