CAPÍTULO III
IDENTIDADE DAS ESCOLAS CLARETIANAS

      

  11   A escola claretiana   

   

Santo António Maria Claret, Fundador da Congregação dos Missionários Filhos do Imaculado Coração de Maria (Claretianos), interessou-se, de entre outras actividades missionárias, pela educação cristã. Apresenta ideias originais sobre a educação nos seus escritos e nas instituições que criou e dirigiu. Fundou duas Congregações Religiosas às quais confiou o apostolado da educação cristã entre os seus ministérios apostólicos.

Os Missionários Claretianos, fiéis ao espírito do seu Fundador querem prestar à sociedade um serviço, oferecendo-lhes um ideal de escola baseado nos Direitos do Homem, na doutrina da Igreja e na própria tradição claretiana.

A escola claretiana promulgada por Santo António Maria Claret

        

Os colégios claretianos inspiram-se na figura de Santo António Maria Claret, tendo em conta:

  • A sua acção evangelizadora e missionária, e a sua preocupação em utilizar os meios mais eficazes para a conseguir;
  • O seu amor e docilidade à Palavra de Deus, testemunhando-o com a sua própria vida;
  • O seu amor a Maria, a partir da devoção ao seu Imaculado Coração, como centro da sua intimidade com Deus e como projecção maternal para com os homens;
  • A sua fidelidade à Igreja;
  • O seu afã em promover evangelizadores leigos.

Características

        

Os Colégios Claretianos consideram como um dever inalienável orientar vocacional e profissionalmente os seus alunos. É um passo importante do processo educativo que há-de levar cada aluno a pôr todas as suas capacidades pessoais, plenamente desenvolvidas, ao serviço de Deus e da sociedade nas diversas profissões e actividades.

Orientação vocacional e profissional

  

  12   Uma educação ao serviço do homem   

   

A escola é um lugar privilegiado para a promoção do homem, e a sua finalidade é promover o crescimento e a maturidade do aluno em todas as suas dimensões.

A promoção do homem integral

        

De acordo com estes objectivos, no Colégio Internato dos Carvalhos, pretende-se:

  • ajudar os alunos a descobrirem e a desenvolverem as suas capacidades físicas, intelectuais e afectivas, e a aceitar as suas próprias qualidades e limitações;

Dimensão bio-psicológica

        
  • promover o desenvolvimento da dimensão social do aluno, tendo como base o seu crescimento integral;

Dimensão social

        
  • desenvolver a sua dimensão ética e transcendente, alargando a nossa acção educativa à área do sentido da existência humana, e apresentando a mensagem de Jesus Cristo sobre o homem, a vida, a história e o mundo.

Dimensão transcendente

        

Estas três dimensões constituem uma unidade na pessoa humana, que cresce e amadurece através da acção educativa segundo a idade e a situação concreta de cada um. Esta acção implica também os educadores, que, com os alunos e os pais, participam na caminhada comum de formação contínua.

A acção educativa implica toda a comunidade

        

Neste contexto, é preciso ter-se em conta que o desenvolvimento da pessoa se realiza numas coordenadas espácio-temporais concretas, e que o acesso à própria realização integral só é possível a partir da inserção do jovem na sua própria geração e na própria sociedade.

Inserção na própria sociedade

   

  13   Uma educação ética e aberta ao transcendente   

    

O Colégio Internato dos Carvalhos, como uma instituição educativa, tem a responsabilidade de dar relevo à dimensão ética e religiosa da cultura, com o objectivo de activar o dinamismo espiritual do aluno e ajudá-lo a assumir a liberdade ética, que dimana da liberdade psicológica e simultaneamente a aperfeiçoa.

Uma dimensão da educação integral

Por isso, o Colégio Internato dos Carvalhos assume a dimensão ética e transcendente do homem e da humanidade como sendo uma dimensão eminentemente humana e, portanto, como um aspecto que se deve ter em consideração ao promover o crescimento integral do aluno.

Nos nossos planos educativos,

  • damos importância à dimensão ética e religiosa da pessoa e da cultura, e consideramo-la como a dimensão com maior incidência no processo de crescimento do homem;
  • partimos do facto do homem ser um ser aberto a um âmbito que lhe é transcendente, e consideramos que este facto o ajuda a descobrir o seu próprio destino e o da humanidade;
  • procuramos que os alunos também se interroguem sobre o problema essencial da própria vida, que acompanha a todo o homem e o ajuda a enfrentar o mistério de sua existência;
  • mostramos aos alunos que a dimensão transcendente do homem lhe abre horizontes novos para a vivência e para a interpretação da realidade pessoal do homem e do mundo;
  • ajudamo-los a descobrirem que a abertura à transcendência é a base e o fundamento da nossa esperança.
         

Assim, pois, propomo-nos esclarecer o jovem sobre o mistério do homem e levá-lo a procurar soluções para os principais problemas da nossa época através do conhecimento e da vivência da mensagem de Jesus Cristo.

A mensagem de Jesus Cristo

  

  14   Pomos o acento em alguns valores na perspectiva do Evangelho   

   

A proposta educativa do Colégio Internato dos Carvalhos inclui uma referência explícita a alguns valores que enformam todo o conceito de homem e o ajudam a interpretar o mundo na linha da fé.

Não vamos fazer uma listagem exaustiva, mas queremos realçar alguns valores aos quais o homem de hoje é particularmente sensível. Para os crentes, o Evangelho apresenta-os como necessários.

Proposta de alguns valores concretos

Em concreto, referimo-nos aos seguintes valores e atitudes:

  • atitude de aceitação entre educadores, alunos e famílias, recusando toda a discriminação por motivos intelectuais, religiosos, económicos, sociais, etc.;
  • atenção especial a todos os alunos, famílias e sectores sociais que sejam objecto de qualquer tipo de marginalização;
  • gratidão e alegria, sem nos deixarmos abater pelas dificuldades da vida, e educando no sentido da festa;
  • criatividade e espírito de renovação, fugindo à rotina, à indiferença e ao conformismo;
  • vocação educadora e amor ao trabalho, com tudo o que comportem de puramente pessoal e de serviço aos outros;
  • participação empenhada na tarefa educativa, tornando real e visível a corresponsabilidade e a comunhão entre todos os que convivem na escola;
  • consciência do compromisso na construção de um mundo mais humano.
       

Nesta linha, queremos ainda destacar a vontade de promover a liberdade, a justiça, a solidariedade e a paz, como sendo valores que enriquecem a acção educativa e porque a sua promoção e defesa são urgentes na nossa sociedade.

Valores mais urgentes na nossa sociedade

  

  15   Educamos na liberdade e para a liberdade   

   

A formação de pessoas livres é um dos objectivos essenciais de toda a educação e um compromisso que nós assumimos.

Toda a educação, porém, é orientada por uma determinada concepção de homem. No mundo pluralista de hoje, o Colégio Internato dos Carvalhos orienta-se pela concepção cristã do homem, a qual lhe atribui a mais alta dignidade, a dignidade de filho de Deus, e lhe garante a maior liberdade, a liberdade resgatada pelo sangue de Cristo.

Um objectivo essencial na educação

        

Queremos educar para esta dignidade e para esta liberdade, e para isso:

  • os educadores da nossa escola têm de actuar como seres livres e respeitadores da liberdade dos outros, de maneira que o seu comportamento seja um estímulo;
  • os alunos têm de aprender a pensar por eles próprios e devem habituar-se a actuar por convicção própria;
  • todos têm de criar um clima de diálogo que promova a sã convivência e a livre expressão sem prejuízos nem receios;
  • os jovens e os adultos, trabalhando numa sã convivência normal, hão-de aprender a relacionar-se e hão-de preparar-se para viverem juntos e para se complementarem;
  • a acção educativa tem de procurar que os alunos adquiram gradualmente um conceito claro e autêntico de liberdade, e ajudem a criar um ambiente que eduque em liberdade;
  • a estrutura participativa deve levar os alunos a assumirem responsabilidades de acordo com os respectivos escalões e idades, preparando-os para a aceitação e o exercício de responsabilidades sociais.

Como educamos para a liberdade

        

A proposta de uma certa escala de valores, o escalonamento de motivações na actuação das pessoas, o uso de um correcto espírito crítico diante de factos e de situações, o exemplo de coerência na vida e na actuação dos educadores, e a oferta de oportunidades para tomar decisões pessoais, são alguns dos meios que hão-de acompanhar sempre a nossa educação na liberdade e para a liberdade.

Alguns meios concretos

  

  16   Educamos para a justiça e a solidariedade   

   

Concebemos a justiça como uma exigência da dignidade e da igualdade entre todos os homens como filhos de Deus, e a educação para a justiça e a solidariedade como um fruto da nossa opção de serviço ao homem.

Por isso comprometemo-nos a colaborar positivamente na educação para a justiça e a solidariedade,

Sentido cristão da justiça e da solidariedade

        
  • lutando por conseguir uma política educativa que garanta uma real igualdade de oportunidades no acesso à educação e os meios adequados para os alunos que necessitem de uma educação especial;
  • tornando normal e fácil a integração no mundo escolar daqueles alunos que tenham menos possibilidades, e apoiando a promoção colectiva do meio social em que a escola está inserida;
  • valorizando equitativamente o trabalho dos alunos de acordo com as suas possibilidades e com o seu esforço pessoal, evitando os privilégios e as discriminações;
  • promovendo a reflexão crítica sobre os actos de injustiça existentes na nossa sociedade, para que os alunos não se deixem manipular nem se tornem cúmplices de injustiça através do silêncio ou da indiferença;
  • desenvolvendo a sensibilidade dos alunos para comparticiparem tanto nas preocupações como nas iniciativas e projectos que possam reverter em bem da comunidade, começando pelo meio mais próximo;
  • fomentando a solidariedade com os mais pobres e marginalizados, os que estão em dificuldades, os que são vítimas de desigualdades, os que padecem as consequências de uma organização social desequilibrada e injusta;
  • levando os alunos a compreenderem que a solidariedade autêntica tem de se traduzir na realização do próprio trabalho feito com generosidade e espírito de serviço, estando abertos à colaboração com todos os que lutem por construir uma sociedade mais humana.

Como educamos para a justiça

  

 

 

 

 

 

Como educamos para a solidariedade

        

Para os que crêem em Jesus Cristo, o compromisso para a justiça e a solidariedade tem de levá-los a abrir caminhos de fraternidade que lhes permitam ir mais além daquilo que é exigido pelo respeito e pela igualdade entre os homens.

Uma exigência cristã

  

  17   Educamos para a convivência e para a paz   

   

Os cristãos têm de ser testemunhos daquela fraternidade que desenvolve e consolida o diálogo, a cooperação e a paz entre os homens. Este testemunho é tanto mais urgente quanto mais as tensões e os conflitos ameaçam a própria subsistência da comunidade humana.

A escola é um lugar muito adequado para promover a educação para a convivência, e para preparar os alunos para serem defensores e construtores da paz.

Um compromisso do cristianismo

        

Partindo deste pressuposto, queremos

  • promover o acolhimento franco e sem reservas daqueles que não partilham dos sentimentos ou ideias da maioria, evitando toda a marginalização;
  • defender o reconhecimento e a compreensão das diferenças entre as pessoas, as etnias e os grupos sociais por razão da língua, da cultura, dos costumes, das tradições, etc.;
  • assumir os valores específicos do nosso povo, procurando não instrumentalizar a cultura para fins político-partidários e alheios à causa do Reino;
  • levar os membros da Comunidade Educativa a assumirem o compromisso de fazerem da convivência entre os homens uma relação pacífica, fraterna e comunitária;
  • apoiar aqueles organismos, instituições e pessoas que, com sentido evangélico, lutem a favor da convivência, da concórdia e da paz entre os povos.

Pistas para a acção

        

Esta atitude de diálogo e de cooperação deve ser um sinal visível na nossa escola. É uma exigência do nosso cristianismo e um repto feito à educação.

Assim, todos os membros da Comunidade Educativa estão obrigados a desenvolver a relação cordial entre nós mesmos, com outras escolas, com a comunidade sócio-cultural envolvente e com toda a comunidade humana sem limites geográficos, políticos ou económicos.

Um sinal visível na nossa escola