CAPÍTULO II
IDENTIDADE DAS ESCOLAS CRISTÃS

  

  5   As escolas da Igreja   

 

A Igreja Católica tem o dever permanente de descobrir e estudar os sinais do tempo presente e de interpretá-los à luz do Evangelho, de maneira que possa dar resposta a questões perenes da humanidade, adaptando-se a cada geração.

Para realizar esta missão, a Igreja tem de estar presente no mundo da cultura não somente através dos seus membros, mas também com instituições e centros de promoção social e cultural.

Dever de escutar os sinais dos tempos

         

Por isso, a Igreja cria e põe ao serviço da sociedade as suas próprias escolas. Através da acção educativa, e na medida das suas possibilidades, estas escolas

  • promovem a formação integral dos alunos de acordo com uma concepção cristã do homem, da vida e do mundo, e prepara-os para participarem na transformação e melhoria da sociedade;
  • ministram um ensino religioso escolar adequado às orientações da Igreja Católica quanto ao conteúdo e à qualidade;
  • propõem uma síntese entre a fé, a cultura e a vida;
  • desenvolvem a colaboração responsável e a solidariedade a partir dos valores que tornam a nossa sociedade mais humana e mais justa;
  • programam e levam a cabo a catequese , a vivência comunitária e a celebração da fé dentro de todo o respeito e liberdade;
  • criam um ambiente que favorece o testemunho e a acção evangelizadora dos crentes, e orientam-nos para a inserção e o compromisso nos movimentos e serviços da Igreja.

A proposta educativa da Igreja

         

Nesta acção, a Comunidade Educativa segue as orientações e os critérios pastorais da Igreja Diocesana.

Uma acção da Igreja Diocesana

 

  6   Uma educação integradora da personalidade   

  

Na concepção global da pessoa humana, o desenvolvimento da dimensão bio-psicológica pressupõe uma interacção harmónica de um conjunto de funções e capacidades que dependem umas das outras, já que é preciso o desenvolvimento natural, progressivo e sistemático de todas as faculdades do aluno:

  • as faculdades fisicomotoras possibilitam a realização de movimentos de todo o tipo e manifestam-se através da força, da resistência física, da velocidade e da flexibilidade;
  • as faculdades psicomotoras permitem a organização do próprio esquema corporal em relação com o espaço, o tempo e o mundo dos outros: consciência da própria postura, lateralidade, respiração, relaxação e coordenação motora;
  • as faculdades intelectuais estão ligadas à memorização, compreensão e aplicação de princípios a novas situações, capacidade de análise, relação e síntese de partes ou elementos que permitem a construção de novos modelos;
  • as faculdades afectivas exprimem emoções, interesses e valores que conduzem à adopção de atitudes perante factos culturais e sociais.

Na nossa acção educativa claretiana, queremos privilegiar a integração da personalidade e a promoção de todas as faculdades do aluno a partir de

A educação da dimensão bio-psicológica

         
  • o conhecimento, a aceitação e a superação de si mesmo;
  • a expressão plástica, corporal, dinâmica, musical, literária, iconográfica, dramática, etc,;
  • a autonomia na acção, com capacidade de independência, decisão e crítica, e o exercício da liberdade e a responsabilidade na vida social;

A construção do "eu"

          
  • o desenvolvimento da sensibilidade em relação ao ambiente e ao mundo natural;
  • a relação com o meio sócio-cultural, na tentativa de colaborar na transformação da sociedade.

O desenvolvimento desta dimensão bio-psicológica da pessoa leva-nos a constatar que a afectividade e a inteligência estão intimamente ligadas à vivência corporal e motora, e que o conjunto de todas estas faculdades dá ao aluno confiança em si mesmo e ajuda-o a desenvolver as suas dimensões social, ética e transcendente.

A relação com o mundo

 

  7   Uma educação social e comprometida com a construção do mundo   

 

O homem é um ser aberto aos outros, que vive e cresce na sociedade e que é marcado através de múltiplas e recíprocas relações com os que vivem à sua volta.

A escola tem uma importância relevante para a iniciação na vida social, e os alunos aí devem encontrar a ajuda necessária para poderem crescer nesta dimensão da sua vocação humana.

Por isso a educação que ministramos, enraizada na cultura do nosso tempo e do nosso povo, é também uma educação comprometida com a promoção desta dimensão social da pessoa e apostada na contínua transformação da sociedade, procurando, cada dia, um nível mais alto de igualdade, de liberdade e da paz.

Um ser aberto aos outros

          

De acordo com este critério, os elementos da Comunidade Educativa ajudam os jovens, como membros de um mesmo grupo humano, e procuram inseri-los no mundo, de forma responsável e construtiva. Isto é, pretendem

  • criar um ambiente que proporcione a todos a possibilidade de exercerem a cooperação e a solidariedade;
  • aprofundar o estudo da realidade social, as suas forças e as suas opções ideológicas;
  • orientar os alunos para a leitura serena, objectiva e crítica desta realidade e dos factos e critérios que a completam;
  • ajudá-los a comunicar-se com os outros e a expressar as próprias convicções e experiências;
  • promover a sua preparação humana e profissional para eles enriquecerem a sociedade com os frutos do seu trabalho criativo e intervirem decidida e intrepidamente na vida da mesma sociedade;
  • colaborar activamente na vida social em ordem a conseguir-se uma distribuição mais justa dos bens materiais, a superar-se a actual discriminação e consequente marginalização de grupos étnicos e sociais, e a trabalhar-se pelo respeito e pela promoção dos direitos fundamentais do homem.

Educação para a dimensão social

  

Desta maneira todos progridem na sociedade e assumem o compromisso da Igreja na construção do mundo. E esta promoção social, realizada com espírito evangélico, é expressão e sinal da presença do Reino de Deus na nossa sociedade.

Compromisso da Igreja na construção do mundo

    

  8   Professamos um profundo respeito pela pessoa   

   

A educação que desejamos oferecer aos nossos alunos inspira-se no Evangelho e segue as orientações da Igreja.

Os membros da Comunidade Educativa devem estar conscientes dos problemas que este facto comporta, tratando-se de uma sociedade em que o pluralismo religioso é uma realidade que exige respeito e compreensão, e de um sistema educativo que, por vezes, na prática, não favorece, de forma adequada, a livre opção dos pais no que concerne à educação dos filhos.

A identidade da nossa escola

          

Assim, pois, ao fazermos uma proposta educativa, temos em conta os aspectos seguintes:

  • embora a nossa escola seja de inspiração cristã e claretiana, o compromisso religioso não obriga, por igual, a todos os pais, professores e alunos;
  • é possível que alguns membros da Comunidade Educativa não professem a fé católica ou que, até, nem tenham qualquer crença religiosa;
  • as diversas situações dos nossos alunos em relação à fé admitem diversos níveis e modos de apresentação da mensagem de Jesus Cristo;
  • a resposta do homem a Deus deve ser sempre uma resposta voluntária.

Critérios de actuação

          

Por tudo isto, a resposta religiosa do Colégio Internato dos Carvalhos tem de ter sempre o carácter de uma oferta respeitosa perante a liberdade de todos os alunos, os professores e as famílias.

Uma proposta respeitosa

          

Neste contexto, o que desejamos é que todos os membros da Comunidade Educativa estejam abertos a um diálogo autêntico, convencidos de que a consideração afectuosa, sincera e respeitosa é o testemunho mais sincero da própria fé.

Abertura ao diálogo

  

  9   Ensinamos a religião católica   

   

A referência à dimensão transcendente é uma realidade tão grande e importante nas culturas dos diversos povos que ninguém a pode ignorar sem ficar privado de uma marca fundamental na sua formação humana.

O cristianismo, portanto, é objecto de ensino na nossa escola, porque faz parte da dimensão cultural e é um dos elementos constitutivos da cultura ocidental.

Um elemento fundamental na formação humana

          

Por isso o ensino religioso escolar

  • pressupõe um estudo sistemático da religião cristã e, em concreto, da religião católica;
  • pretende dar resposta aos grandes problemas existenciais que preocupam a pessoa humana;
  • contribui para a formação de uma atitude crítica e comprometida perante a sociedade;
  • faz parte de um património comum de respeito e de liberdade, e permite-nos oferecer aos alunos a possibilidade de programarem a sua própria existência segundo o Evangelho.

O respeito pela pessoa leva-nos a promover a formação de alunos conscientes, livres e responsáveis através de um plano fundamentado e crítico do problema religioso.

Sentido do ensino da religião

          

A partir destes pressupostos, pretendemos que os jovens não crentes possam confrontar a sua situação de incredulidade com as perspectivas da fé; que os jovens em situação de crise possam reflectir e esclarecer as suas dúvidas; e que os jovens crentes possam integrar a sua própria opção religiosa na cultura, robustecer a sua fé e dar testemunho da mesma.

Uma ajuda a todos

   

  10   Propomos uma síntese entre fé, cultura e vida   

    

O que define e especifica o tipo de educação que queremos oferecer à sociedade é a referência a uma concepção cristã do homem, da vida e do mundo, juntamente com a proposta de uma síntese entre fé, cultura e vida.

O diálogo fé-cultura

Por isso pretendemos apoiar o diálogo entre cultura e fé, a fim de potenciar a síntese crítica por parte dos crentes da Comunidade Educativa.

Para os educadores, a apresentação e assimilação crítica da cultura envolve também a aquisição de uma série de critérios de valor que determinam o próprio conceito da vida e do homem.

          

Mas não queremos contentar-nos com a apresentação de uma escala de valores de carácter cristão, como sendo uma simples tabela de estima, mas como sendo geradores de atitudes humanas.

Algumas destas atitudes são:

  • a liberdade respeitosa e a responsabilidade consciente;
  • a sincera e permanente procura da verdade e a crítica equilibrada e serena;
  • a solidariedade e o serviço aos outros e a sensibilidade para a justiça;
  • a consciência declarada de se ser criado para actuar como um agente de mudança numa sociedade injusta e divorciada das exigências do Reino.

As atitudes

          

Como consequência, seremos levados a desenvolver, com mais facilidade, o lado positivo dos comportamentos, que estejam em consonância com estas atitudes.

Os comportamentos

          

Assim, a plena coerência entre a fé e o conjunto de saberes, valores, atitudes e comportamentos proporcionarão a síntese pessoal entre a fé e a vida dos crentes.

A síntese fé-vida